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Horas extras custam 315 milhões de euros

João Cortesão / Correio da Manhã

O Ministério da Saúde prepara um programa específico de redução de custos nas unidades.

Os hospitais públicos e os centros de saúde pagam todos os anos cerca de 315 milhões de euros relativos a nove milhões de horas extras efectuadas por médicos e enfermeiros, segundo o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Santos.

A factura a pagar pelas unidades pode ser ainda maior em 2011 devido à saída para a reforma antecipada de cerca de 600 clínicos, na sua maioria médicos de família. A aposentação dos profissionais obriga os que estão no activo a assegurar as escalas de serviço, o que só se consegue com o recurso às horas extraordinárias.

A concentração das Urgências hospitalares e outros serviços irá racionalizar os recursos humanos e, como consequência, reduzir as horas extras. A reorganização das unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) está prevista na nova Carta Hospitalar, anunciada pelo ministro da Saúde, Paulo Macedo. O documento estará pronto no final de 2011.

O combate ao desperdício é uma das medidas anunciadas por Paulo Macedo, que vai avançar com um programa específico de redução de 200 milhões de euros nos hospitais do SNS. Além do fecho de alguns serviços, concentrando os meios em algumas unidades, o ministro Paulo Macedo afirmou que irá avançar com “medidas que não afectem a qualidade dos cuidados prestados, mas que optimizem a utilização dos recursos”.

“NÃO PAGAM AOS ENFERMEIROS”

Há hospitais e centros de saúde que não pagam as horas extras feitas pelos enfermeiros, em alguns casos desde 2009, afirma a coordenadora do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Guadalupe Simões: “O sindicato é contra as horas extras, mais ainda quando há pagamentos em atraso, o que não se passa com os médicos a quem são pagas quantias astronómicas para fazerem Urgências.” Os montantes devidos ascendem a “milhares de euros”. Segundo a responsável, “muitas vezes as horas extras não são pagas porque as instituições dizem que não as pagam mas fazem coacção aos enfermeiros que estão com vínculo precário para trabalhar. Além desse problema, Guadalupe Simões referiu que está a haver uma gestão diária do enfermeiro. “Quando as macas com doentes acumulam nos corredores chamam os enfermeiros para trabalhar.”

EQUIPAS FIXAS NAS URGÊNCIAS BAIXAM CUSTOS

As Urgências dos hospitais públicos são asseguradas basicamente com horas extras, afirma Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares. Pedro Lopes não duvida de que a concentração dos serviços “vai baixar o número de horas extras”. Para conter esses custos,a solução passa, segundo o responsável, pela criação de equipas fixas dedicadas às Urgências, sejam equipas da instituição ou exteriores à mesma. “Tem havido estudos que indicam que se houver um verdadeiro Serviço de Urgências, as horas extras não são feitas”, afirmou Pedro Lopes. Para já, sabe-se que hospitais vão ter de reduzir 200 milhões de euros nos custos operacionais em 2012.

Fonte: Correio da Manhã, 11 de Agosto de 2011

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