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ANÁLISE DOS MODELOS DE GESTÃO DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE – BENCHMARKING APLICADO À SAÚDE –

Artigo da autoria de Mafalda Ferreira da Silva- USF Famílias, e Fábio Borges, USF Miguel O’Anjo

Introdução: O benchmarking consiste numa ferramenta de gestão que visa comparar as diferentes estratégias, produtos e resultados de empresas distintas, com o objectivo de melhorar as práticas de gestão e desempenhos superiores. Este conceito é aplicado no sector da saúde através da comparação da performance das diferentes unidades e avaliação do potencial de melhoria, facilitando a implementação de medidas que permitam melhorar a performance económico-financeira e a qualidade dos cuidados prestados.

Material e Métodos: Através do benchmarking, comparar-se-á o desempenho dos actuais Modelos de Gestão (MG) existentes no SNS: Centros Hospitalares (CH), Entidade Pública Empresarial (EPE); Unidades Locais de Saúde (ULS), EPE e Hospitais com Parcerias Público-Privadas (PPP), num total de 32 unidades de saúde. O estudo incide-se em 6 dimensões: Acesso, Desempenho Assistencial, Segurança, Volume e Utilização, Produtividade e Económico-Financeira.

Resultados: As ULS mostraram ser superiores em 3 das dimensões avaliadas, acesso, segurança e económico-financeira, mas foram as inferiores nas restantes 3 categorias. As PPP são superiores em termos de desempenho assistencial e produtividade. Por fim, os CH destacaram-se na dimensão volume e utilização.

Discussão: Relativamente à dimensão volume e utilização, os indicadores actualmente utilizados pela ACSS não são os mais adequados, uma vez que se tratam de procedimentos cirúrgicos muito diferenciados, consequentemente não são realizados pela maioria dos hospitais estudados, o que se traduz numa baixa casuística. Deverão ser incluídos, nesta dimensão, procedimentos cirúrgicos menos complexos, métodos complementares diagnóstico e tratamentos de medicina física de reabilitação.

Conclusão: No ranking global de desempenho as PPP mostraram ser o melhor modelo de gestão em vigor actualmente no SNS, seguindo-se das ULS e por último os CH.

Palavras-chave: benchmarking, modelos de gestão, saúde

INTRODUÇÃO

O benchmarking surgiu como uma tentativa de melhoria de práticas empresariais e de alcance de desempenhos superiores. Consiste numa ferramenta de gestão que visa comparar as diferentes estratégias, produtos e resultados de empresas distintas.

Este conceito é já aplicado no sector da saúde através da comparação da performance das diferentes unidades e avaliação do potencial de melhoria, o que facilita a implementação de medidas que permitam melhorar a performance económico-financeira e a qualidade dos cuidados prestados.

O processo de benchmarking entre os hospitais do SNS tem como objectivo melhorar o desempenho económico – financeiro das instituições garantindo em simultâneo um melhor desempenho na prestação de cuidados aos utentes, nomeadamente ao nível da qualidade e do acesso. Neste contexto torna-se fundamental a partilha de informação que permita comparar resultados e explicar diferenças de performance, avaliar o potencial de melhoria de cada hospital nas principais áreas de actuação, e identificar alavancas operacionais de gestão corrente, “melhores práticas” e programas transversais que permitam capturar o potencial de melhoria identificado.

Com este projecto pretende-se apurar qual o modelo de gestão (MG) do Sistema Nacional de Saúde (SNS) mais vantajoso do ponto de vista clínico, humano e económico.

Pretende-se também identificar os pontos fortes e fracos de cada modelo existente, no intuito de compreender em que áreas existe potencial de melhoria.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho trata-se de um estudo retrospectivo, observacional, multicêntrico e descritivo.

Através do benchmarking, actualmente utilizado pela Administração Central do Sistema da Saúde (ACSS), comparar-se-á o desempenho dos actuais MG existentes no SNS: Centros Hospitalares (CH), Entidade Pública Empresarial (EPE); Unidades Locais de Saúde (ULS), EPE e Hospitais com Parcerias Público-Privadas (PPP).

A ACSS implementa esta ferramenta de gestão, considerando os grupos hospitalares existentes, ou seja, comparando grupos homólogos de unidades de saúde. Como se pretende comparar os diferentes modelos organizativos, a análise apresentada será dividida de acordo com o tipo de modelo de gestão utilizado.

Definiu-se como população-alvo todos as unidades de saúde cujos modelos de gestão se incluem na classe dos CH, EPE; ULS, EPE e PPP, excluindo-se portante todos os hospitais não integrados em CH e os IPO.

Foram avaliadas um total de 32 unidades de saúde, 20 CH, 8 ULS e 4 PPP.

Os dados utilizados neste trabalho estão disponibilizados publicamente na plataforma do SNS.

A recolha de dados decorreu em Dezembro de 2017, sendo referentes a um período de análise mensal acumulado de Julho de 2017, com um horizonte temporal compreendido entre Janeiro de 2013 e Julho de 2017.

O estudo incide-se em 6 dimensões: Acesso, Desempenho Assistencial, Segurança, Volume e Utilização, Produtividade e Económico-Financeira, sendo estas as variáveis do estudo. Os indicadores utilizados para definir cada dimensão serão os mesmos utilizados pela ACSS, tendo sido excluídos aqueles cujos dados disponibilizados não permitiram a comparação entre os três MG.

Relativamente à dimensão Económico-Financeira, que representa os custos, não foi utilizado o valor por doente-padrão, uma vez que as ULS são financiadas por capitação, o que levaria a comparação de unidades monetárias diferentes, conduzindo a erros de interpretação. De forma a ultrapassar esta dificuldade, optou-se por recorrer ao Orçamento de Estado de 2017, onde constam o valor gastos com cada uma das unidades de saúde. Utilizou-se portanto o custo por unidade de saúde, em alternativa ao custo por utente-padrão.

Posteriormente, serão classificados e pontuados os respetivos indicadores de cada dimensão como: Bom (3 pontos), Médio (2 pontos) e Mau (1 ponto). Com isso determinar-se-á qual MG se destaca em cada uma das dimensões.

De forma a concluir qual o MG com melhor desempenho global, serão analisados os resultados por dimensão, com um sistema de pontos semelhante ao usado para cada dimensão: 3 pontos para o MG com melhores resultados, 2 pontos para o que tiver qualidade intermédia e 1 ponto para o que apresentar pior desempenho. Será considerado como melhor modelo, aquele cuja pontuação final seja superior.

RESULTADOS

Para cada um dos indicadores definidos nas variáveis serão indicados os valores médios, máximos e mínimos por MG, bem como a pontuação atribuída.

AC E S S O

A variável acesso inclui 2 indicadores de qualidade: percentagem de primeiras consultas realizadas em tempo adequado (de acordo com a prioridade estabelecida) e a percentagem de inscritos para cirurgia dentro do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG).

DE S E M P E N H O AS S I S T E N C I A L

A variável desempenho assistencial inclui 3 indicadores de qualidade: percentagem de Cirurgias Realizadas em Ambulatório no Total de Cirurgias Programadas (Grupos de Diagnóstico Homogéneos) para Procedimentos Ambulatorizáveis; Percentagem de Reinternamentos em 30 Dias e Percentagem de Partos por Cesariana.

Artigo completo com tabelas na edição PDF.

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