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Utentes carenciados fogem do Sistema Nacional de Saúde

Doentes com dificuldades financeiras estão a deixar de ir aos serviços de saúde por recearem ter de pagar taxas moderadoras e outros adiam as consultas para o dia em que recebem as pensões, alertam instituições.

O presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, admitiu em declarações à agência Lusa estar “muito preocupado” com os relatos que têm chegado à instituição sobre pessoas que se recusam a recorrer ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por temerem já não estar isentos do pagamento das taxas moderadoras.

“Está dito que há isenções para as pessoas que não podem pagar mas isso não foi bem explicado. Devia haver uma informação concisa para que as pessoas, cuja iliteracia é muito grande, possam saber como fazer para aceder a essas possibilidade de redução e não pagamento das taxas “, criticou Eugénio Fonseca.

Na dúvida, muitas famílias preferem não correr o risco de serem surpreendidas com uma conta no final da consulta. Para alguns, diz Eugénio Fonseca, as opções de escolha são muito reduzidas: “Das duas uma: ou vão e pagam ou não vão”.

O resultado é que muitos utentes “só” recorrem aos serviços de saúde “se for num caso de urgência, se forem apanhados na rua num acidente. Fora isso, não vão”, alertou.

Além destes casos, o presidente da Caritas refere ainda as histórias de quem agora adia as consultas para depois de receber as pensões.

“Nós temos indicações de pessoas que já evitam procurar um médico. Aqui há dias, dizia-me uma médica de um hospital que as pessoas telefonam para lá a pedir para ser adiada a consulta para data posterior ao dia em que recebem a reforma”, lamentou Eugénio Fonseca.

A situação também já foi notada pela associação Médicos do Mundo (MdM).

“Há notícias diárias sobre os aumentos das taxas moderadoras e as pessoas só pensam que vão aumentar e por isso nem vão às estruturas”, contou a coordenadora nacional dos projetos dos MdM, Carla Fernandes.

“Preocupados” com “as reações preocupantes que estão a chegar à instituição”, a Caritas criou um grupo de trabalho que está a estudar o processo, tendo já planeado questionar o Governo e apresentar algumas propostas.

A Lusa contactou o gabinete de imprensa do Ministério da Saúde que disse não ter informações no sentido de uma redução de utentes nos SNS mas sim “muito pelo contrário, indicações de que o número de consultas e de atendimentos subiu”.

Fonte: Diário de Notícias, 26 de Janeiro de 2012

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