Há cada vez mais doentes inscritos para cirurgia e o número de operações também cresceu. Os tempos de espera aumentaram ligeiramente no primeiro semestre deste ano, mas mantêm-se abaixo dos máximos recomendados. Um em cada 10 doentes ainda aguarda mais de 8,8 meses para ser operado no Serviço Nacional de Saúde.
De janeiro a junho de 2015, 338.591 utentes entraram em lista de espera para serem operados, mais 5,4% do que no mesmo período de 2011.
Um aumento que estará relacionado com o envelhecimento da população e que provoca uma “maior pressão sobre a capacidade produtiva das instituições, resultante da conjugação de mais entradas com casos mais complexos”.
É expectável que, no segundo semestre do ano, as listas de espera diminuam com a entrada em vigor do programa especial, aprovado pelo Governo, que atribuiu mais 200 milhões de euros aos hospitais para que realizem mais 16 mil cirurgias do que o previsto.
Segundo os últimos dados do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), divulgados pela Administração Central do Sistema da Saúde, nos primeiros seis meses do ano, a mediana do tempo de espera para cirurgia situou-se nos 3,07 meses, apresentando um ligeiro aumento face ao mesmo período de 2014 (3 meses).
Contudo, a percentagem de doentes (11%) que esperou mais do que o Tempo Máximo de Resposta Garantido diminuiu face ao período homólogo (11,7%).
À semelhança do que vem acontecendo, os hospitais aumentaram a capacidade produtiva no primeiro semestre do ano, operando um total de 284.820 doentes. “A atividade cirúrgica mantém um crescimento desde 2006 de 34,6%, sendo que entre o primeiro semestre de 2011 e de 2015 esse crescimento foi de 8,1%”, refere o relatório da ACSS.
O aumento das cirurgias não é extensível a todas as regiões, já que o Alentejo e o Algarve baixaram a sua produção: menos 5,6% e menos 18.9% de doentes operados naquelas regiões, respetivamente.
Olhando por especialidades, as que apresentam medianas de tempo de espera mais elevadas são a Neurocirurgia (4,57 meses) e a Ortopedia (4,17 meses). Numa análise mais fina verifica-se que as operações à coluna vertebral (5,4 meses) e à obesidade (4,63 meses) são as mais demoradas.
O relatório debruça-se também sobre os tempos de espera para cirurgia a neoplasias malignas. Também aqui aumentaram significativamente os inscritos para cirurgia (mais 38,3%) face ao mesmo período de 2011. A mediana do tempo de espera aumentou 4,8% para os 22 dias.
“Em todas as regiões a mediana da lista de inscritos para cirurgia varia entre 17 e 25 dias, metade do tempo máximo em oncologia, que é de dois meses, demonstrando o progresso obtido na equidade do acesso nas situações mais graves”, realça o documento da tutela.
E acrescenta que apenas um em cada 10 doentes espera mais de 64 dias pela cirurgia, um indicador que melhorou 15,8 dias face a 2011.
Fonte: Jornal de Notícias, 16 de outubro de 2015