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UM BREVE ENQUADRAMENTO DO SISTEMA DE SAÚDE PORTUGUÊS: para onde iremos?

Miguel Sousa Neves

Médico, Presidente da Direção da Sociedade Portuguesa de Gestão de Saúde, Professor convidado de Governança Clínica no ISCTE, Mestre em Gestão de Serviços de Saúde e Pós-Graduado em Direção de Unidades de Saúde

A saúde é o resultado da combinação das características de cada pessoa, do tipo e montante de cuidados de saúde que recebe e do tempo que é usado pela pessoa na “produção” da sua saúde.

No setor da saúde há elementos distintivos em comparação com outros setores que influenciam o bem-estar da comunidade: a existência de um forte juízo de valor sobre tudo o que se relaciona com a saúde, a presença dominante da incerteza e a existência de inúmeras externalidades.

A atual Lei de Bases da Saúde (1) concentra todos os esforços de oferta de cuidados universais de saúde no Serviço Nacional de Saúde (SNS) sendo que os setores privado e social deixaram de ser complementares para supostamente assumirem um papel secundário supletivo, o que poderá eventualmente condicionar os cuidados de saúde necessários à comunidade de acordo com o articulado na Constituição portuguesa. (2)

No modelo de organização institucional português, o Ministro da Saúde é a autoridade máxima do SNS, e sendo o SNS que contrata a prestação de cuidados de saúde, poderemos inferir que necessariamente é a mesma entidade a definir o que compra e a definir por que preço compra. Se tivermos em linha de conta outros sistemas de saúde referenciados mais tarde neste artigo, para efeitos comparativos, verificamos que neles é tónica comum uma separação efetiva entre financiamento e prestação de cuidados e uma independência na regulação do funcionamento do sistema.

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