Ordem fala num modelo de financiamento hospitalar desajustado e injusto, que leva a desperdícios.
O contribuinte português é o que paga, do próprio bolso, a saúde mais cara da Europa, diz o bastonário dos Enfermeiros: “27% dos cuidados de saúde”.
“Somos o país com o pagamento chamado ‘out of pocket’ [saído do bolso] mais caro da Europa. E isso não é compaginável com o direito à saúde contemplado da Constituição”, defende Germano Couto, em declarações à Renascença.
A Ordem dos Enfermeiros desafia, por isso, o Governo a mudar o actual modelo de financiamento dos hospitais – um modelo que considera injusto e irracional, por não ter em conta os ganhos efectivos em saúde para os doentes e sim aspectos meramente processuais.
“Duas instituições são financiadas de igual modo, independentemente se o doente que lá entra com a mesma patologia sai um mais dependente e outro mais independente”, critica o bastonário, que vê neste modelo uma fonte de desperdício.
Germano Couto defende, por outro lado, “o modelo que o consórcio internacional para medição de resultados em saúde”, que premeia e financia as instituições que obtêm ganhos em saúde para os cidadãos e não apenas tendo por base processos – nomeadamente, número de consultas, de cirurgias, diagnósticos médicos, entre outros.”
E já há experiências com bons resultados em alguns países, como na Holanda e no Reino Unido, onde os hospitais só recebem dinheiro do Estado se, comprovadamente, contribuírem para a qualidade de vida dos doentes.
O modelo de financiamento hospitalar é um dos assuntos centrais em debate no congresso da Ordem dos Enfermeiros, que decorre até terça-feira em Lisboa.
Fonte: Rádio Renascença, 11 de maio de 2015