A partir desta quinta-feira está disponível no site da Direcção -Geral da Saúde (DGS) um sistema que permite registar anonimamente os eventos adversos que ocorrem em instituições de saúde, para analisá-los e corrigi-los no futuro, sem punir os médicos.
É um sistema nacional que serve para aprender com os incidentes e eventos adversos – vulgarmente designados erros médicos – e, por isso, é voluntário, anónimo e confidencial para garantir que os profissionais não sejam punidos nem perseguidos, explicou o director-geral da Saúde, durante a apresentação do sistema.
“Trata-se de um sistema inovador que vai permitir perceber a dimensão da ocorrência de eventos adversos nos hospitais e centros de saúde e, através da sua análise, desenvolver planos para reduzir esses eventos nas instituições”, explicou Francisco George, acrescentando que o grande objectivo desta iniciativa é “melhorar a segurança do doente”.
Trata-se de situações que possam pôr em causa a segurança do doente, como queda de macas ou contracção de infecções durante as cirurgias.
Depois de devidamente analisadas e identificadas as causas do evento é criada uma norma para corrigir o problema no sistema de saúde.
As notificações são feitas anonimamente, porque o objectivo não é punir o profissional de saúde que causou o evento ou quem o notifica, mas sim melhorar a qualidade dos serviços e a segurança do doente.
“Para a punição dos profissionais de saúde, existem outros mecanismos”, salientou Alexandre Dinis, responsável pela área da qualidade na DGS, acrescentando que este sistema inicia um novo paradigma, não baseado na culpa e na punição, mas na pedagogia, para corrigir falhas que possam surgir.
O sistema pretende ver como e onde aconteceu e não por quem, sublinhou este responsável, afirmando que o sistema é adaptado por um utilizado na Andaluzia, com a vantagem de ser anónimo.
Quando um profissional de saúde — seja médico, enfermeiro ou farmacêutico — pretende fazer uma notificação de um evento adverso, pode faze-lo de duas formas.
Acede, no site da DGS, às notificações de eventos adversos e pode notificar rapidamente com um conjunto mínimo de dados essenciais ou preencher o formulário mais completo, de 10 páginas.
O gestor local (da instituição de saúde onde se verificou a ocorrência) recebe imediatamente um e-mail a informar que caiu a notificação no sistema e o notificador recebe um código de acesso, para poder acompanhar mais tarde o que está a ser feito no âmbito daquele processo.
Como este sistema é pedagógico e não punitivo, pretende a “responsabilização” dos profissionais e das instituições de saúde, não cabendo à DGS em altura alguma a verificação ou supervisão.
Ou seja, se um gestor local decidir não fazer nada, não dar andamento ao processo, na sequência da notificação que lhe chega, a DGS não tem conhecimento disso e o processo morre ali.
No entanto, os responsáveis acreditam que tal não irá acontecer, precisamente porque o sistema é anónimo, não punitivo, e pretende apenas a correcção de erros e a melhoria dos serviços.
A notificação pode igualmente ser feita por um cidadão, por exemplo o familiar de um doente vítima do evento adverso, devendo para isso preencher um formulário no site da DGS semelhante ao que é preenchido pelo profissional.
A partir daí, o processo é o mesmo: o gestor recebe a notificação e o cidadão, um código de acesso.
Este sistema foi testado no ano passado por um período de seis meses em nove instituições de saúde (hospitais e centros de saúde), tendo sido notificadas neste período 21 sugestões de melhorias.
Fonte: Correio da Manhã, 20 de Dezembro de 2012
Parece-me interessante o conceito, útil para toda a comunidade e para os profissionais de saúde, porém no país que somos temo que rápidamente se transforme numa “CAÇA ÀS BRUXAS”…
Algo que deveria ser habitual em todas as Instituições de saúde porque é um do meios mais importantes de fazer a gestão do risco clínico!
mas como diz a Júlia Gil, há que avançar com precaução e ter tudo correcto para evitar que pensemos que estamos em Portugal