Ministro da Saúde reconhece a falta de médicos na região, mas acha que o sol e o mar são suficientes para atrair profissionais da saúde, sem necessidade de incentivos financeiros.
No decorrer da vista do ministro da Saúde, Paulo Macedo, hoje, ao Hospital de Faro, o Sindicato dos Enfermeiros da Zona Sul veio a publico denunciar a falta de mais de 300 a 400 enfermeiros, nas áreas dos cuidados paliativos, hospitalares e primários.
A recente criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), resultante da fusão dos hospitais de Faro e Portimão, denunciou o dirigente sindical Nuno Manjua, vai acentuar a discriminação entre estes profissionais do mesmo sector, por via do vínculo contratual: “Vamos ter, para trabalho igual, salário diferente e carga horária diferente”, disse aos jornalistas, após breve troca de palavras com o ministro
Paulo Macedo apanhado de surpresa pelo sindicalista, no início de uma visita às Urgências do Hospital de Faro, recusou-se ao diálogo com Nuno Manjua, na presença dos jornalistas, prometendo no entanto que, no final, receberia o representante dos enfermeiros.
Em causa está a forma como vão ser geridos e articulados os serviços no CHA, cujo presidente do conselho de administração é Pedro Nunes, ex-bastonário da Ordem dos Médicos.
O programa de reestruturação do sector da saúde, para já, tem como obstáculo o facto do presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Martins dos Santos, encontra-se demissionário deste o princípio de Verão. Por conseguinte, foram adiadas algumas reformas.
O ministro Paulo Macedo prometeu que até final do mês será aberto um concurso publico para o preenchimento desta vaga, prevendo-se que a o nova administração entre em funções em Outubro.
Sobre a reivindicação do Sindicato dos Enfermeiros, o responsável governamental apenas garantiu a reintegração de 21 profissionais contratados que já tinham recebido carta de despedimento.
Confrontado com a possibilidade da fusão dos Hospitais de Faro e Portimão implicar o encerramento de algumas especialidades, Paulo Macedo respondeu: “O que nos interessa é a prestação de cuidados à população, numa zona com tantas carências de recursos”.
Por isso, defendeu a mobilidade, acrescentando que “vários médicos do Hospital de Faro irão prestar serviços no Hospital de Portimão”. A falta de médicos no Algarve é crónica. Os vários concursos públicos, destinados a atraírem jovens clínicos, têm sistematicamente ficado deserto.
No ano passado, Pedro Nunes chegou a defender um “incentivo financeiro” para fixar na região profissionais de saúde, mas a proposta não teve acolhimento governamental.
Por seu lado, o ministro afirma que o Algarve, “ a duas horas de Lisboa, é um lugar interessante para trabalhar”, convicto de que as qualidades da região, por si, são suficientes para atrair médicos
Fonte: Público, 5 de Setembro de 2013