A indústria farmacêutica alertou hoje a comissão de economia para o risco de virem a faltar medicamentos se no próximo Orçamento de Estado for mantido o objetivo de redução de 400 milhões de euros nas despesas com fármacos.
Segundo o presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, está em causa uma “redução adicional de 400 milhões de euros para 2013, depois de se ter reduzido 300 milhões em 2012 e 300 milhões em 2011. Em três anos são mil milhões de euros, o que é insuportável”.
João Almeida Lopes considera ainda que o objetivo da troika se deveria aplicar apenas aos medicamentos de ambulatório e não a todos.
“Não vale a pena objetivos exigentes que não são exequíveis e que põem em causa toda a cadeia do medicamento”, afirmou, em declarações à Lusa.
O responsável alertou para os prejuízos que podem decorrer desta medida, como a falta de medicamentos nas farmácias, o encerramento de laboratórios e a dificuldade de os doentes encontrarem os remédios de que precisam, “o que já começa a acontecer”.
Almeida Lopes lembrou ainda que o próprio Ministério da Saúde já reconheceu que houve poupança nestes anos e considerou que “não vale a pena insistir no que não vai ser possível”.
“Temos de perceber que a área da saúde e em particular os medicamentos têm contribuído com valores de poupança muito significativos, o que não se verifica noutros setores”, sublinhou.
Relativamente aos deputados que hoje ouviram a Apifarma, o presidente afirmou ter havido uma “clara abertura” para perceber as razões da indústria e as suas implicações e relevância não só para a área da saúde, mas também para o setor económico.
Fonte: RTP Notícias, 21 de Setembro de 2012