Magda Alves foi um dos cerca de 500 recém-licenciados em Medicina que este domingo fizeram o Juramento de Hipócrates, no Porto, e, como vários deles, admite emigrar, porque o seu objetivo é “ser médica, aqui ou lá fora”.
O juramento é um momento solene, uma etapa crucial para os futuros médicos e o ponto final de um percurso iniciado seis anos antes nas faculdades de Medicina do Porto ou de Braga, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) ou noutras escolas superiores.
Alexandre Sarmento olha para o futuro com “um misto de incerteza e de conforto”.
“Incerteza porque as coisas têm vindo a piorar, não só em termos financeiros mas também em termos daquela ideia de que a Medicina era um emprego garantido. Isso agora já é um pouco incerto”, comentou.
Conforto porque, em sua opinião, o exercício médico ainda é “a melhor profissão dentro da função pública”.
Alexandre Sarmento afirmou que quando iniciou o seu curso “ainda não se falava” de desemprego. “Ou eu, por ser novo de mais, não tinha essa noção”, ressalva.
Em princípio, o seu futuro próximo passa por Portugal, uma vez que disse ter um lugar à sua espera no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douto, em Vila Real, onde vai fazer o ano comum de internato.
Alexandre Sarmento pretende mais tarde voltar para o “litoral”, mas também admite trabalhar noutro país. “Se tiver que ser, claro que sim”, salientou.
Rui Tuna tem “alguma ansiedade” quanto ao “mundo novo” que o espera.
O ICBAS deu-lhe uma boa preparação a “nível teórico” e, apesar das dificuldades atuais, acredita que “vai tudo correr tudo bem”.
No seu caso, espera poder “trabalhar em Portugal”, mas por outro lado diz que “a porta de saída está aberta”.
“Ninguém falava em desemprego médico há seis anos. Hoje, é uma perspetiva muito falada e um tema muito presente nas nossas conversas”, salientou.
Ana Pires corrobora e observa: “Tanto podemos ficar como cá como emigrar. O importante é exercer a Medicina no seu sentido mais puro”.
Magda Alves também andou no ICBAS e as suas expetativas “não são nada animadoras”.
“Vamos trabalhar em condições más e é muito triste esforçarmo-nos durante seis anos para tentar aprender o máximo e colocar todo o nosso saber ao dispor daqueles que mais necessitam e depois não podermos exercer a nossa função com condições dignas”, destacou.
Magda afirma estar “um pouco pessimista” quanto ao futuro e por esse motivo também admite emigrar. “A porta está completamente aberta, porque o meu objetivo é ser médica e pode ser aqui ou lá fora”, afirmou à Lusa.
Para esta recém-licenciada, “há seis anos, a expetativa era completamente e o futuro era encarado com alguma tranquilidade”.
“Sabíamos que havia o nosso lugar, à nossa espera. Agora, claramente que não. As coisas mudaram terrivelmente”, reforçou.
Fonte: RTP Notícias, 17 de Dezembro de 2012