O presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) criticou hoje a “falta de lucidez” do Governo ao fazer um “corte drástico” nos incentivos à transplantação, alertando que poderá ser um “tremendo erro”.
Em comunicado, Fernando Macário refere-se à publicação em Diário da República de um despacho que “reduz em 50 por cento todos os incentivos à actividade da transplantação em Portugal”, acrescido da “injustiça” de ser retroactivo ao início do ano.
O presidente da SPT considera que o corte “poderá ser um tremendo erro humano, social e económico” ao diminuir as hipóteses de pessoas com problemas de saúde receberem transplantes e poderem voltar a integrar a “sociedade activa” e acusa o Governo de “falta de lucidez”.
No despacho, é referido que os incentivos que se mantêm devem ser aplicados “na melhoria das condições técnicas e científicas dos serviços” das instituições que fazem transplantes.
“Não é compreensível para os profissionais, para os doentes e para a sociedade que a transplantação seja penalizada de forma muito mais cega e severa” do que outros sectores, argumenta Fernando Macário.
Os incentivos que o sector tem recebido até aqui permitiram “retirar da diálise [renal] entre 500 a 600 pessoas anualmente”.
Esse dinheiro foi gerido “de forma não uniforme” nos hospitais, afirma o presidente da SPT, defendendo que as “autoridades que nunca regularam e pouco verificaram ou controlaram a forma como os incentivos foram distribuídos” deviam agora procurar “um espaço de reflexão”.
Num país “reconhecido a nível mundial pela eficiência na coordenação e elevada eficácia na colheita de órgãos”, o corte vai ser “da mesma magnitude para a actividade de colheita de órgãos”, lamenta Fernando Macário.
Dos “mais de 10.000 doentes a realizar diálise”, cerca de 2500 são candidatos a um transplante de rim.
Fonte: Público, 23 de Agosto de 2011