Alguns reformaram-se e outros deixaram o país. Ministro da Saúde fixou a meta de cada português ter médico de família até ao fim da legislatura, mas a Ordem dos Médicos não vê como com a actual estratégia.
Faltam 800 médicos de família em Portugal e, desses, 500 estão em falta na região de Lisboa e Vale do Tejo. A contabilidade é da Associação de Médicos de Medicina Familiar.
“Lisboa e Vale do Tejo nem sequer é a maior região em termos populacionais”, sublinha Rui Nogueira, da associação. “Enquanto no Norte, que é um pouco maior, faltam 100 médicos, em Lisboa e Vale do Tejo faltam 500. Veja-se a assimetria”, prossegue.
Neste que é o Dia Mundial do Médico de Família, este responsável considera ser incompreensível que não se avance com novos concursos de admissão.
“Temos duas épocas de exames internos e não temos a consequente admissão dos médicos. Um das primeiras medidas a tomar é abrir concursos para os médicos que terminaram a formação – são médicos de família já diplomados – em Abril. Estamos em meados de Maio e ainda não abriu o concurso para o ingresso destes novos especialistas, porque falta um despacho do senhor ministro a autorizar a abertura excepcional do concurso de abertura destes internos que fizeram agora exame. Uma coisa inadmissível. Já dissemos isto ao senhor ministro e o senhor ministro concordou. Mas não se faz. Porquê? Não sei, não dá para perceber”, critica.
Reformas antecipadas cobriam necessidades do Norte
Em pouco mais de quatro anos (de Janeiro de 2011 a Maio deste ano), a Ordem dos Médicos contabiliza mais de 400 especialistas de medicina geral e familiar reformados. Muitos em aposentação antecipada e só no Norte do país.
Desses, cerca de duas centenas anteciparam a reforma desde Janeiro do ano passado.
“Só nos últimos 16 meses, um número de médicos de família que seria suficiente para cobrir o número que a ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] diz que falta no Norte do país: 145 médicos de família. Bastava que essas reformas antecipadas não tivessem acontecido para que cada português no Norte do país tivesse um médico de família”, afirma à Renascença o presidente da secção regional do norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
Aos reformados somam-se os que já emigraram. E o número não pára de aumentar. De 2012 e 2014, saíram do Norte do país 19 especialistas de medicina geral e familiar.
O ministro da Saúde fixou a meta: cada português com médico de família até ao fim da legislatura. Para a Ordem dos Médicos não é impossível, mas a estratégia do Governo é errada.
“No último ano, o número de USF [unidades de saúde familiar] que o Governo permitiu que fossem criadas foi uma ou duas. Não é assim que o ministro consegue que cada português tenha um médico de família”, contesta Miguel Guimarães.
A Ordem dos Médicos insiste na necessidade de promover condições de trabalho atractivas para os médicos dos cuidados de saúde primários e diz que é tudo uma questão de vontade política.
Fonte: Rádio Renascença, 19 de maio de 2015
DEDICADO:
…A Ti de vida sofrida e de mãos duras e retalhas… sem acesso aos Barões da Medicina… – em Portugal, pleno século XXI
“Serras, veredas, atalhos, Estradas e fragas de vento, Onde se encontram retalhos De vidas em sofrimento Retalhos fundos nos rostos, Mãos duras e retalhadas Pelo suor do desgosto, Retalha as caras fechadas …”
(A Ti de vida sofridas e de mãos duras e retalhas, que sem acesso aos Barões da Medicina… em pleno século XXI)
E
A Ti Meu Mentor, Meu Poeta da Politica e da Integridade, que me ensinaste que antes de sermos Bons Profissionais, devemos de ser Seres Verdadeiramente Humanos com sentimentos… A Ti que cedo partiste (Século XX) te dedico o restante Poema de Ary…
(só para ti e outros tantos da tua geração, actualmente, faz sentido)
“…O caminho que seguiste, Entre gente pobre e rude, Muitas vezes tu abriste Uma rosa de saúde.
Cada história é um retalho Cortado no coração De um homem que no trabalho Reparte a vida e o pão As vidas que defendeste, E o pão que repartiste, São lágrimas que tu bebeste Dos olhos de um povo triste
E depois de tanto mundo, Retalhado de verdade, Também tu chegaste ao fundo Da doença da cidade Da que não vem na sebenta, Daquela que não se ensina, Da pobreza que afugenta Os barões da medicina Tu sabes quanto fizeste, A miséria não segura, Nem mesmo quando lhe deste A receita da ternura”
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