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Portugueses cortam na farmácia apesar das descidas dos preços dos remédios

Os doentes portugueses estão a comprar menos medicamentos e nem mesmo as descidas de preço dos remédios conseguem evitar que os utentes escolham cortar na despesa da farmácia, reconhecem os médicos.

“Os médicos de família têm a percepção da dificuldade que as pessoas têm na aquisição dos medicamentos. E sentimos o mesmo noutras áreas, como no pagamento de taxas moderadoras, em que há quem tente evitar ou adiar exames ou meios complementares de diagnóstico”, admite à agência Lusa o vice-presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Clínica Geral (APMCG).

Segundo Rui Nogueira, muitos doentes crónicos não adquirem alguns dos medicamentos receitados ou tentam adiar a sua compra. É habitual, relata, pedirem o fraccionamento das receitas para não terem de comprar todos os fármacos ao mesmo tempo.

É também comum nos centros de saúde os doentes pediram directamente ao médico para prescrever genéricos, uma realidade que é recente: “Muitas vezes já os prescrevemos e ainda assim o doente pergunta se é genérico para confirmar”.

O responsável frisa que esta é uma realidade sobretudo entre os doentes crónicos, que têm de tomar medicamentos meses e anos seguidos.

“É uma conta para a farmácia”, refere o médico, narrando que muitos doentes contam nas consultas quanto gastam na farmácia por mês.

Rui Nogueira reconhece que o preço dos medicamentos tem diminuído nos últimos anos, mas lembra que as pessoas têm menos dinheiro para os comprar.

Também associação de defesa do consumidor Deco diz que há famílias que já cortaram na despesa da farmácia, deixando muitas vezes de comprar medicamentos essenciais.

“As famílias já cortaram em muitas rubricas, até no supermercado. E acontece também ao nível da farmácia, sobretudo temos casos de pessoas com mais idade”, afirma à Lusa Natália Nunes, do gabinete de apoio ao sobreendividamente da Deco.

A responsável relata ainda casos de família que têm dívidas às farmácias, beneficiando da relação de proximidade, e que tentam nos finais de cada mês pagar o que vão consumindo.

A associação que representa a indústria farmacêutica (Apifarma) disse na semana passada que, além da baixa de preço dos fármacos, é certo que os portugueses estão a comprar menos remédios.

Os dados dos laboratórios apontam para que, no final deste ano, o volume de vendas de medicamentos em farmácias será menor em 450 milhões de euros relativamente a 2010.

Fonte: Público, 24 de Outubro de 2011

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