Sublinhando que o CRN tomou esta posição pública depois de o bastonário da Ordem dos Enfermeiros ter afirmado em entrevista a um jornal que a “grávida é mais bem seguida por enfermeiro do que por médico”, Miguel Guimarães recordou que recentemente “faleceu no Hospital Garcia da Orta um recém-nascido que teria sido acompanhado num parto caseiro por uma enfermeira ao longo de mais de oito horas”.
Entretanto, o bastonário da Ordem dos Médicos mandou uma carta ao ministro da Saúde pedindo explicações sobre esta eventual transferência de competências, mas até agora não houve resposta, lamentou.
Miguel Guimarães divulgou ainda os resultados de um estudo publicado pelo British Medical Journal sobre a morte nos períodos oito dias de vida (perinatal) na Holanda, país pioneiro na legislação que prevê a possibilidade de haver enfermeiros-parteiros a assistirem partos em casa. “Recém-nascidos de mulheres que preferiram o acompanhamento de uma parteira a um obstetra durante o trabalho de parto registaram um risco 3.66 superior de morte perinatal, quando comparado com recém-nascidos cujo trabalho de parto foi supervisionado por obstetra”, refere. A Holanda está, aliás, a rever a sua posição, garante o responsável da OM/Norte.
Fonte: Público, 24 de Maio de 2012