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Metade dos hospitais não avalia cumprimento das normas de segurança em cirurgias

Dos 41 hospitais do Serviço Nacional de Saúde que fazem cirurgias, 22 não realizam qualquer auditoria ao cumprimento das normas da Direcção-Geral da Saúde para assegurar a segurança das operações, alerta o relatório “Cirurgia Segura Salva Vidas” referente a 2014.

O documento do Departamento da Qualidade na Saúde da Direcção-Geral da Saúde (DGS) lembra que “em todas as cirurgias deve proceder-se ao registo da utilização” da chamada “Lista de Verificação da Segurança Cirúrgica”, que serve para evitar erros como intervenções no local errado do corpo ou esquecimento de objectos dentro do doente. O objectivo passa também por reduzir as infecções no local das cirurgias e as complicações no pós-operatório.

No ano passado só seis dos 41 hospitais públicos e mais uma unidade convencionada entregaram à DGS os relatórios de monitorização da implementação destas normas. A DGS optou por insistir directamente com as Comissões da Qualidade e Segurança de cada unidade e conseguiu mais respostas. No total, foi possível concluir que 16% das utilizações das listas não são feitas de acordo com as normas. No entanto, este total é calculado apenas com os dados de 29 entidades, já que “12 indicaram não dispor desta informação ou apresentaram o valor de zero”.

Concretamente sobre as auditorias, no total foram feitas 1861 em 2014. Porém, há uma grande variação entre as instituições, com os valores a variarem entre as duas e as 590 auditorias e com 22 hospitais a admitir que não fizeram nenhuma. A recolha dos dados condiciona as conclusões da DGS: por exemplo, a taxa média do local cirúrgico errado ficou-se nos 0,02%, mas só dois hospitais deram informação e 39 disseram não ter estes valores. Também a taxa de procedimentos errados foi de 0,004% mas teve apenas como base um hospital. O indicador mais completo, apresentado por 40 das 41 entidades, diz respeito a intervenções nos doentes errados, que foi de 0%.

Os dados de três hospitais permitiram também apurar que em 0,098% das intervenções ficaram retidos objectos estranhos no corpo dos doentes. As restantes 38 unidades apresentaram valores de zero. Já duas unidades comunicaram que 0,25% dos doentes morreram durante as cirurgias e as outras 39 apresentaram valores zero – o que leva a DGS, nas recomendações, a apelar ao preenchimento de mais dados, apesar de reconhecer que têm existido problemas informáticos que dificultam os procedimentos.

Fonte: Público, 2 de junho de 2015

1 Comment

  1. ornurse

    Sem dúvida que a realização da cirurgia segura é um passo importante para a segurança do doente mas , na realidade e na maioria das vezes não é realizada em conformidade com o que nela é pedido. Por outro lado, na lista de verificação da cirurgia é dada pouca importância ás medidas básicas de prevenção da infeção do local cirúrgico, recomendadas pela OMS e DGS, que na minha perspetiva são desvalorizadas e ignoradas por todos os trabalham nesta área, desde o profissional, aos chefes ás administrações.
    A cultura de bloco está a perder-se com vantagem para os números. Não podemos esquecer que um doente seguro depende de um profissional seguro e de um ambiente seguro.

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