Médicos estrangeiros poderão vir a inscrever-se na Ordem dos Médicos (OM) de Portugal sem que seja necessário o reconhecimento da respetiva licenciatura, anunciou em Luanda o bastonário.
José Manuel Silva, que se encontra em Luanda a participar no VIII Congresso Internacional dos Médicos, que termina hoje, explicou que o reconhecimento de licenciatura deixará de ser necessário conforme preveem os futuros estatutos da OM, em processo de revisão.
“Com esta medida prevemos que os colegas de outros países, após registo na Ordem, pratiquem atos médicos tutelados em Portugal durante o período de formação”, salientou José Manuel Silva, citado no Jornal do Congresso, publicação editada durante o evento.
O bastonário acrescentou que o exame de especialidade, “eventualmente realizado no país de origem”, será realizado por um júri misto, estabelecendo “um programa de cooperação, que garante uma formação equivalente à dos médicos portugueses”.
“Neste momento, Portugal está num momento de viragem, porque o número de quadros formados está acima das necessidades”, acrescentou o bastonário.
José Manuel Silva prevê ainda que a “curto prazo exista excesso de recursos humanos médicos”, atendendo ao facto de atualmente haver especialidades com “dificuldades de empregabilidade”.
O bastonário considera que o intercâmbio com profissionais de outros países, “através da exportação de médicos”, venha a ser uma possibilidade.
A falta de médicos em Angola foi aliás um dos pontos salientados na abertura dos trabalhos do congresso, tendo o vice-presidente da República, Manuel Vicente, destacado que atualmente o rácio de clínicos é de dois por 10 mil habitantes.
Também o coordenador da Comissão Científica do congresso, Miguel Bettencourt, considerou que a proporção de médicos em Angola não é o suficiente para cobrir as necessidades.
Subordinado ao tema “A Saúde em Angola – o Presente e o Futuro”, o congresso reuniu 600 profissionais e paralelamente ao evento realizou-se a 1ª Feira Internacional de Equipamento Médico-Hospitalar, Tecnologia, Medicamentos e Consumíveis.
Fonte: RTP Notícias, 26 de Janeiro de 2013