Menu Fechar

“Médicos estão muito mal pagos”, diz Ordem dos Médicos

Governo abriu concurso para 115 médicos de família e apenas 51 vagas foram ocupadas.

A Ordem dos Médicos (OM) defendeu esta sexta-feira ser preciso melhorar as condições de contratação de clínicos reformados e travar a emigração de profissionais jovens para dar um médico de família a todos os portugueses, como prometeu o Governo.

“Em Portugal, os médicos estão muito mal pagos”, disse o responsável pela OM à agência Lusa.

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) anunciou na quinta-feira, num comunicado a que a Lusa teve acesso, a conclusão do processo de avaliação de 51 novos médicos de família, que serão distribuídos por 23 agrupamentos dos centros de saúde de todo o país. Porém, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, acredita que a maioria dos médicos já estaria no sistema, pelo que, na prática, não serão 51 novos médicos de família.

O “Jornal de Notícias” escreve na edição desta sexta-feira que o Governo abriu concurso para contratar 115 médicos de família, frisando que apenas 51 vagas foram preenchidas e que só 16 clínicos não estavam no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

De acordo com os dados oficiais, entre estes 51 médicos, seis são espanhóis, o que para José Manuel Silva demonstra também que, apesar de ter sido aberto concurso em Espanha, Portugal não oferece condições atractivas de contratação.

São precisos mais 700 médicos
Segundo o bastonário, serão mais 1.700 a 1.800 utentes que receberão médico de família, com a medida agora anunciada, o que classificou de positivo, mas insuficiente. “É preciso melhorar as condições de contratação de médicos reformados para permitir dar um médico de família a todos os portugueses”, defendeu, sublinhando que Portugal tem capacidade para cumprir este objectivo.

O sistema precisa de mais 700 médicos de família, frisou José Manuel Silva, referindo que só nos últimos cinco anos reformaram-se 1.500 profissionais, “a esmagadora maioria antecipadamente”, com cerca de 60 anos de idade.

“Se lhes oferecessem condições minimamente dignas, não se importariam de voltar a trabalhar durante dois, três ou quatro anos”, o “tempo necessário para entrarem em funções novos médicos de família para preencher todo o país”, argumentou.

“As necessidades estão garantidas no curto prazo, era preciso que durante esta fase de transição, o ministério adoptasse medidas suficientes para garantir aquela que foi a única promessa do ministro [da Saúde] e que, por este andar, não vai ser cumprida – dar um médico de família a todos os portugueses”, criticou.

José Manuel Silva reiterou que é possível dar um médico de família a todos os portugueses até ao fim da legislatura. “Algumas dezenas de jovens médicos de família estão a emigrar e não é por falta de emprego em Portugal, é por falta de condições dignas”, lamentou.

Fonte: Rádio Renascença, 10 de julho de 2015

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *