Tem médico de família mas não vai ao centro de saúde há mais de três anos? Preste atenção. Em breve poderá perder este benefício, se não contactar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para actualizar ou confirmar os seus dados periodicamente.
Para resolver de uma vez por todas o problema da limpeza dos ficheiros dos médicos de família que se arrasta há anos e ajudar a diminuir substancialmente o número de cidadãos que continuam sem clínico assistente nos centros de saúde, um grupo de peritos nomeado pelo Ministério da Saúde (MS) apresentou no final de Fevereiro uma proposta que muda o actual paradigma: após uma actualização das listas, devem passar a ser os próprios cidadãos a entrar em contacto com o SNS, de três em três anos, para confirmar os seus dados; no caso dos estrangeiros residentes em Portugal, o processo será anual. Ou seja, a actualização deve ser permanente, de âmbito nacional e partir da iniciativa do próprio cidadão.
O ministro da Saúde já disse que o seu grande desafio é dar um médico assistente a todos os portugueses. Os ministros que o antecederam também quiseram fazer o mesmo. Mas as limpezas de ficheiros, a multiplicação de Unidades de Saúde Familiar (USF) e o aumento das vagas para a especialidade de medicina geral e familiar não foram até agora suficientes para resolver este problema e o total de inscritos nos centros de saúde continua a suplantar em muito o número de habitantes em Portugal devido a duplicações de inscrições e óbitos não retirados (ver caixa).
Nesta proposta – que está em apreciação no MS -, os especialistas sugerem que se comece por uma actualização de ficheiros, a arrancar já partir de Julho, após uma ampla campanha de informação. “Actualmente, são devolvidas diariamente às unidades de CSP [Cuidados de Saúde Primários] milhares de cartas enviadas por vacinas em atraso, para oferta de procedimentos preventivos (mamografia, rastreio de cancro colo-rectal), entre outros. Isto deve-se ao facto de esses utentes serem desconhecidos nas moradas indicadas, terem mudado de residência, por os endereços serem incorrectos ou, até, fictícios. Alguns já não residem em Portugal”, argumentam os peritos no documento a que o PÚBLICO teve acesso.
Fonte: Público, 26 de Março de 2012