O secretário-geral do PCP considera estar em curso uma “ofensiva contra o Serviço Nacional de Saúde” que perspectiva “mais dificuldades para quem depende dessa conquista do 25 de Abril”, apelando à indignação e à participação na greve geral.
Jerónimo de Sousa falava hoje em Lisboa, à margem de uma acção promovida pelos comunistas junto à estação do metro do Cais do Sodré e que visou “sensibilizar contra o pacto de agressão e o roubo no subsídio de Natal”.
Questionado sobre as conclusões de um relatório do grupo de trabalho sobre a reforma hospitalar, o líder do PCP referiu não ter ainda um “conhecimento profundo” do teor do documento, mas considerou que “aquilo que se perspectiva”, até tendo em conta os cortes de mil milhões de euros para o setor previstos na proposta de Orçamento do Estado para 2012, “é mais dificuldades para os portugueses, particularmente aqueles que não têm dinheiro para pagar a saúde, para aqueles que hoje dependem do SNS, dessa grande conquista do 25 de Abril e que este Governo está claramente a ameaçar”.
Jerónimo de Sousa apelou ainda à luta contra esta “ofensiva contra o SNS” que se soma a outras medidas que estão a “infernizar a vida dos portugueses”.
“Consideramos uma profunda injustiça que se vá sempre aos bolsos dos mesmos. A questão dos salários, dos direitos, dos horários, dos subsídios, dos feriados, a par das ofensivas contra o SNS, aumento custo de vida… Tudo isto junto está a infernizar a vida dos portugueses e, nesse sentido, o sentimento de denúncia e indignação nesta pequena acção que estamos aqui a fazer é bem o reflexo de procurarmos juntar os portugueses, de juntar quem trabalha, quem vive da sua reforma, do seu pequeno negócio, para lutar contra este estado de coisas. Luta que vai ter uma grande expressão já no dia 24 de Novembro”, para o qual está marcada a greve geral, afirmou.
Para Jerónimo de Sousa, o “Governo tem a intenção clara de continuar roubar” direitos aos portugueses e por isso “é importante o protesto e a indignação”, que considerou “a primeira forma de resistência”.
É por isso também que os comunistas esperam uma greve geral com “grande expressão”, que a pode transformar numa paralisação “memorável”.
“Se tivermos em conta esta pressão sobre os portugueses da ideologia das inevitabilidades, do resignem-se, do conformem-se, do não vale a pena, creio que haverá uma resposta magnífica”, acrescentou.
A possibilidade de atender os doentes triados como “não urgentes” fora das urgências hospitalares e a criação de um único Instituto Português de Oncologia (IPO) são duas das propostas avançadas pelo grupo técnico para a Reforma Hospitalar, hoje divulgadas pela imprensa.
O texto, que prevê dar liberdade aos portugueses para escolher o hospital independentemente do seu local de residência, sugere que as consultas de especialidades hospitalares sejam feitas em centros de saúde, que sejam transferidas actividades da área médica para a de enfermagem e que seja promovida a mobilidade dos profissionais de saúde.
Fonte: Diário de Notícias, 21 de Novembro de 2011