O secretário-geral do PCP considerou esta sexta-feira que “qualquer tentativa de destruição da carreira médica” será um “golpe profundo” no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e adiantou que os comunistas pretendem fazer uma interpelação ao Governo no Parlamento sobre esta questão.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas no final de um encontro com representantes do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e Ordem dos Médicos em que as três estruturas transmitiram aos comunistas, na sede do PCP, em Lisboa, as suas preocupações em relação às carreiras médicas e, especificamente, o recente concurso lançado pelo Ministério da Saúde com o objectivo de contratar clínicos à hora, através de empresas privadas, para o SNS.
Este concurso levou mesmo os sindicatos médicos a convocar uma greve de dois dias para Julho. O secretário-geral do PCP disse haver uma “profunda identificação” com estas preocupações dos médicos “em relação à defesa do SNS”.
“Qualquer tentativa ou processo de destruição da carreira médica será um golpe profundo no SNS”, afirmou, referindo que “problemas” como os das taxas moderadas, das consultas, do encerramento de serviços ou da reformulação da rede hospitalar vão “no sentido do enfraquecimento” do SNS.
Para o PCP, também “qualquer ideia de destruição das carreiras médicas” terá “consequências dramáticas para os utentes”.
“E nesse sentido nós já apresentámos na Assembleia da República um projecto de resolução visando que o Governo anule o concurso, esta ideia peregrina de pacotes de horas, médicos em trabalho temporário poderem substituir aqueles que têm hoje uma carreira médica”, afirmou Jerónimo de Sousa.
Para além disso, o PCP pondera ainda tomar outras “iniciativas parlamentares” em relação a esta questão da contratação de médicos, “designadamente a possibilidade de uma interpelação nesse sentido ao Governo”, afirmou.
Por fim, também “no quadro” da moção de censura ao Governo do PCP, que será debatida na Assembleia da República na próxima segunda-feira, os comunistas farão “uma declaração de fundo da importância que tem a defesa do SNS do ponto vista dos interesses dos utentes”, afirmou.
Os representantes destas três estruturas dos médicos já estiveram reunidos na quinta-feira com o PS a quem manifestaram também as preocupações em relação às carreiras médicas.
No final do encontro de hoje com a direcção do PCP, Sérgio Esperança, presidente da FNAM, reforçou que a razão que precipitou a convocatória de uma greve “teve muito a ver com os concursos chamados partilhados” para a contratação de médicos.
“Isto é um leilão de horas, de lotes de horas para o SNS, o que é absolutamente inaceitável porque não há qualidade e põe em risco a segurança dos doentes”, afirmou, acrescentando que poderá haver médicos a trabalhar “24 horas sobre 24 horas”, declarou.
Fonte: Correio da Manhã, 22 de Junho de 2012