“Tendo em atenção a restrição de recursos e a impossibilidade de acumulação de novos pagamentos em atraso, a realização de investimentos, quer novos quer em curso, por todas as entidades do SNS, em 2012, é sujeita a autorização prévia do ministro da Saúde, sempre que o valor total do investimento, a ser pago em 2012 ou anos posteriores, ultrapasse os 100 mil euros”, lê-no despacho, hoje publicado em Diário da República, assinado pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira.
O diploma determina que os organismos devem enviar um formulário a solicitar a autorização para a realização de investimento para a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). “No caso dos hospitais com Estatuto Público Empresarial (EPE) e hospitais do Sector Público Administrativo (SPA), o formulário é previamente certificado pelas Administrações Regionais de Saúde (ARS), o que deve ocorrer no prazo máximo de 15 dias após a entrada do pedido”, escreve Manuel Teixeira.
O PÚBLICO tentou obter uma reacção por parte do presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, mas sem sucesso até ao momento.
O despacho agora publicado vem na sequência de algumas imposições da troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) relacionadas com a lei de execução orçamental. Em Fevereiro veio a público uma notícia que dava conta que os centros hospitalares – à semelhança de outros serviços do Estado – não poderiam assumir novas despesas que não conseguissem pagar no prazo de três meses, sob pena de virem a ser responsabilizados civil e criminalmente.
Segundo os dados mais recentes publicados pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), em Janeiro o montante das dívidas dos hospitais aos laboratórios atingiu os 1302,9 milhões de euros, o que representa um agravamento de 28,3% em relação a Fevereiro do ano passado. O prazo médio de pagamento derrapou 102 dias no período em análise, ao passar de 377 dias, em Fevereiro de 2011, para 478, em Janeiro deste ano.
Fonte: Público, 07 de Março de 2012