Menu Fechar

Gulbenkian faz propostas para reduzir gastos na saúde

Reduzindo para metade as infecções hospitalares em dez hospitais e parando o crescimento da diabetes em Portugal será possível poupar 185 milhões de euros nos gastos em saúde.

A Fundação Calouste Gulbenkian, que divulgou ontem o relatório “Um Futuro para a Saúde”, iniciado há ano e meio, quer contribuir para essa poupança. E lançou três desafios para os quais poderá contribuir.

O primeiro, a redução das infecções hospitalares, será feita através da implementação de boas práticas, inicialmente em dez hospitais, que ainda estão por escolher. A redução da diabetes deverá ser feita através do envolvimento de associações e municípios e prevê que em cinco anos se evite que 50 mil pessoas desenvolvam esta doença, que pesa hoje 1% no PIB português. A concretizar-se, o desafio contribuirá para uma redução de 45 milhões de euros em cinco anos e para uma poupança adicional de 18 milhões de euros depois dessa data.

O terceiro desafio lançado pela plataforma criada pela Gulbenkian, que além dos desafios tem também 20 recomendações (ver caixa com quatro das principais), é tornar Portugal num exemplo mundial na saúde infantil. Intervindo hoje na faixa 0-5 anos em áreas como a obesidade poder-se-á poupar 80 milhões de euros por ano ao longo da vida após esse período.

A plataforma que ajudou a Gulbenknian a elaborar as propostas é composta por especialistas internacionais como Nigel Crisp, que coordenou o Sistema Nacional de Saúde britânico entre 2000 e 2006, tendo sido responsável pela redução do número de mortes causadas por doenças cardíacas e cancerígenas em 40% e 20%, respectivamente, numa década.

Em declarações aos jornalistas, Nigel Crisp disse que outra das áreas que merece atenção por parte dos responsáveis em saúde é a dos mais velhos. “Em Portugal, as pessoas com mais de 65 anos só têm mais de seis anos com qualidade de vida. Na Noruega têm mais 16. 70 a 80% dos gastos do SNSsão feitos ao grupo etário com mais de 65 anos. Por isso, temos de fazer alguma coisa por eles”, considera, referindo que a intervenção deve ser feita na saúde e não nos serviços de saúde, uma mudança de atitude que se deve estender a outras áreas, será necessário um pacto entre os intervenientes do sector. “Só um novo pacto para a saúde pode permitir que tenhamos bons resultados”, considerou Artur Santos Silva, presidente da Gulbenkian.

Ontem, as recomendações foram entregues ao Presidente da República e ao Governo. Hoje serão entregues na Assembleia da República e apresentadas publicamente com a presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo.

Fonte: Económico, 23 de Setembro de 2014

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *