Associação Nacional de Estudantes de Medicina preocupada com a qualidade da formação e com os doentes. Defende contratos com novos hospitais e optimização dos recursos.
Todos os dias faz mais de 120 quilómetros para se deslocar ao hospital onde está a ter formação. Ele e mais uns quantos colegas. A dois anos de concluir o curso de Medicina na Universidade da Beira Interior, Duarte Sequeira, de 21 anos, teme pela qualidade do ensino que está a receber.
É como presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM), mas também como estudante e futuro médico, que Duarte Sequeira afirma que “está na altura de reduzir o número de vagas”, fazer contratos com “novos hospitais” e continuar a trabalhar no sentido de “optimizar os recursos ao serviço das faculdades”.
O alerta foi dado depois de o Ministério da Saúde publicar o despacho onde indica que o número de vagas abertas para Medicina no próximo ano lectivo, 2014/2015, vai manter-se.
O representante dos estudantes defende que “as faculdades e os hospitais não têm condições para dar uma formação adequada” a este número considerado excessivo de alunos, admitindo que as instituições de ensino têm conhecimento disso e sublinhando que o grupo de trabalho criado pelo Governo para estudar esta situação “recomenda desde 2012 a redução destas vagas para dois terços”.
Segundo conta Duarte Sequeira, o problema está bem à vista de todos, “basta entrar em qualquer hospital universitário para perceber que existem demasiados estudantes com cada médico”. Se, por um lado, os alunos têm menos contacto com a prática clinica, por outro, gera-se um conflito com a privacidade do paciente.
Chegam a estar “cinco ou seis” alunos no mesmo local a “assistir a consultas” e a “repetir procedimentos relativamente invasivos a um doente”. Situações desconfortáveis que se repetem um pouco por todo o país e que “atentam à humanização dos cuidados de saúde”, lamenta o presidente da ANEM.
Ainda assim, a Associação reconhece o esforço que tem sido feito pelas faculdades no sentido de melhorar esta situação, mas sublinha a importância da adopção de soluções pelo bem do futuro do Serviço Nacional de Saúde, “que será feito pelas pessoas que estão a estudar agora”.
Fonte: Rádio Renascença, 14 de Maio de 2014