A Ordem dos Médicos lançou um ataque à falta de formação especializada dos médicos, portugueses e estrangeiros, e vai exigir a recertificação dos clínicos. A obtenção do “selo de qualidade” é voluntária, mas a instituição avisa que se os profissionais não forem reavaliados arriscam-se, em última instância, a serem proibidos de exercer Medicina em Portugal.
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, afirma ao CM que a instituição é “obrigada por lei a registar todos os médicos”. Porém, sublinha, o “registo não é garante de qualidade” e a Ordem só garante a qualidade da formação dos médicos que são especialistas e fizeram o internato em Portugal”.
José Manuel Silva justifica a exigência da recertificação dos clínicos com o facto de a sua formação ser “cada vez mais heterogénea e a origem cada vez mais diversa”.
Na mira da Ordem estão os estudantes da Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário que vão poder concluir, a partir deste ano, a licenciatura na universidade espanhola Afonso X, El Sabio. Mas não só.
Muitos outros médicos, portugueses e estrangeiros, trabalham em Portugal sem terem uma especialidade, a maioria dos quais nos centros de saúde.
É o caso dos clínicos cubanos e colombianos contratados pelo Ministério da Saúde com os governos daqueles países e os médicos oriundos de fora do espaço da União Europeia. São também chamados à reavaliação os médicos que nunca fizeram a especialidade, que pode durar entre quatro e seis anos, são os chamados médicos indiferenciados.
José Manuel Silva salienta que a carreira médica é outro “garante de qualidade da formação dos médicos”.
Ora, a carreira médica é precisamente um dos pontos que estão a ser discutidos nas negociações com o Ministério da Saúde, que estarão concluídas no final deste mês.
Fonte: Correio da Manhã, 4 de Agosto de 2012