O fim da alegada prática criminosa por parte dos médicos detidos no âmbito da operação policial “Remédio Santo” deverá representar uma poupança anual de um milhão de euros para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo dados oficiais.
De acordo com números do Centro de Conferência de Faturas do Ministério da Saúde, a que a agência Lusa teve acesso, o valor médio mensal de faturação ao SNS que as prescrições destes médicos representavam vai permitir uma poupança de cerca de um milhão de euros por ano.
A operação “Remédio Santo” decorreu a 25 de junho, mas no final desse mesmo mês a posição dos dois médicos detidos no top dos maiores prescritores caiu para a 20ª e 668ª posição, quando antes se encontravam na quarta e sexta, respetivamente, segundo os mesmos dados.
O que pode estar em causa é que, depois de noticiada a operação policial, as farmácias que aviavam as receitas dos médicos implicados possam ter optado por não enviar no fim de junho a faturação para o Centro de Conferência de Faturas.
Segundo fonte ligada ao processo, este centro vai tentar perceber a razão para uma descida tão drástica por parte das prescrições dos médicos detidos e vai continuar a monitorizar os maiores prescritores, os montantes faturados por farmácia, bem como a existência de consumos anómalos por parte de utentes.
A operação “Remédio Santo” culminou na detenção de 10 pessoas: dois médicos, cinco delegados de informação médica, dois armazenistas e uma pessoa que fazia a ligação entre os elementos do grupo.
O esquema de fraude e falsificação de documentos envolveria um sistema em que médicos prescreviam medicamentos, através de listagens do SNS, com as receitas a serem entregues a farmácias, onde os medicamentos comparticipados pelo Estado eram levantados para seguirem para exportação e não para os doentes cujos nomes constavam das receitas.
Fonte: Diário de Notícias, 12 de Agosto de 2012, por Lusa