A Associação Nacional das Farmácias (ANF) estima que 600 farmácias encerrem em 2013 e responsabiliza o Estado por conduzir o sector “à situação de colapso” em que se encontra. João Cordeiro falava no encerramento de um workshop sobre a “economia da farmácia e o acesso ao medicamento”, que se realizou em Lisboa.
Para João Cordeiro, a situação de “colapso” em que o sector das farmácias se encontra deve-se a “medidas discricionárias e não avaliadas tomadas pelo Governo”. “Em apenas dois anos, o mercado de medicamentos em ambulatório reduziu 731 milhões de euros” e “a despesa pública com fármacos em ambulatório reduziu 602 milhões de euros”.
Para o presidente da ANF, “não há equidade nas medidas de austeridade adoptadas pelo Governo entre as farmácias e os hospitais”, isto porque “nos hospitais os objectivos de poupança não são cumpridos e a despesa com medicamentos mantém-se praticamente inalterada”, enquanto “nas farmácias os objetivos de poupança são cumpridos e ultrapassados”.
Para exemplificar esta situação, João Cordeiro referiu que o Serviço Nacional de Saúde poupará 130 milhões de euros nas farmácias este ano e “gastará 186 milhões euros acima do previsto” nos hospitais.
João Cordeiro alertou para a situação que atinge já 1.131 farmácias que estão com os fornecimentos suspensos nos grossistas, enquanto 457 têm processos judiciais para pagamento de dívidas aos grossistas.
O presidente da ANF referiu que o montante global da divida litigiosa aos grossistas era de 235 milhões de euros em junho de 2012. Para a correção destas medidas, João Cordeiro defendeu uma receita apresentada esta quarta-feira num estudo da Nova School of Business and Economics, segundo o qual “para que a farmácia média atinja um resultado económico nulo carece de uma remuneração adicional de 2,43 euros por receita ou de 0,94 euros por embalagem, para os actuais níveis de preços dos medicamentos”. “Estas medidas podem ser adoptadas sem acréscimo de despesa”, disse João Cordeiro.
Fonte: Correio da Manhã, 12 de Setembro de 2012