O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos criticou hoje a possibilidade de os doentes obterem gratuitamente nos hospitais públicos alguns medicamentos mais avançados, quando receitados em consultórios privados, por considerar que a medida é “injusta” e aumenta a despesa hospitalar.
Maurício Barbosa falava à agência Lusa no decorrer de uma visita à farmácia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, onde enalteceu os esforços que esta unidade de saúde está a desenvolver com vista à racionalidade e ao combate ao desperdício.
O farmacêutico lembrou que este é o maior hospital do país e que, dos cerca de 500 milhões de euros de orçamento, 150 milhões são gastos em medicamentos.
“Cerca de 70 por cento da despesa com medicamentos é feita com a dispensa de fármacos em ambulatório, para doentes como o VIH, doenças do foro reumatológico, entre outras”, adiantou.
A este propósito, o bastonário defendeu a criação de um grupo de trabalho que analise uma situação que classifica de “injusta” e “discriminatória” e que está relacionada com a forma como os fármacos para as doenças do foro reumatológico são dispensados aos doentes seguidos em consultórios privados.
“Os doentes seguidos em consultórios privados têm acesso a medicamentos de linhas terapêuticas mais avançadas, e mais caras, que, à partida, não seriam prescritos se estes estivessem a ser seguidos nos serviços de um hospital público”, que cumprem protocolos médicos próprios, disse.
A situação, adiantou, “acaba por disparar a despesa hospitalar com medicamentos, quando é algo que transcende o hospital e os profissionais do hospital”.
Para Maurício Barbosa, o MS deve criar um grupo de trabalho que crie um mecanismo para que os doentes continuem a ser tratados gratuitamente, mas com critérios hospitalares.
Fonte: RTP Notícias, 23 de Julho de 2013