“O problema foi resolvido com um novo servidor instalado no fim-de-semana, que permitiu limpar os ficheiros desnecessários que estavam a pesar no sistema”, disse ao PÚBLICO o vice-presidente da ARS, Luís Pisco. Segundo este responsável, a lentidão do sistema “ficou resolvida por agora”, mas “pode voltar a acontecer”.
Segundo a responsável administrativa da Unidade de Saúde Familiar do Pragal, Alexandra Lopes, o problema arrasta-se “há cerca de dois meses” e tem dificultado o acesso dos médicos à informação clínica dos doentes. Os profissionais de saúde desta unidade tinham mesmo ameaçado, na semana passada, que deixariam de dar consultas agendadas (não urgentes) a partir desta segunda-feira, caso não fossem solucionados os “bloqueios constantes e a lentidão da base de dados”, refere.
No entanto, o protesto dos profissionais acabou por não se concretizar. A responsável confirma que durante o dia de hoje “as consultas decorreram normalmente, sem grandes demoras” e, por isso, as consultas vão realizar-se como previsto.
Além de aumentarem o tempo de espera, as falhas do sistema têm impedido os médicos de aceder aos processos dos utentes. “Quando o programa bloqueia, os médicos estão a dar consultas sem ver o processo clínico do doente, o que é perigoso”, afirma Alexandra Lopes. E sublinha: “Esperamos que estejam a resolver o problema porque a unidade está dependente do sistema informático, já não temos processos em papel.”
Apesar de compreender a insatisfação dos médicos por trabalharem com um software lento, Luís Pisco diz que não entende a ameaça de fazerem apenas consultas urgentes. “Numa situação em que haja um problema informático, há maneiras de atender os doentes manualmente. Leva mais tempo, mas não podemos dizer que as consultas estão em risco”, argumenta.
Segundo o responsável, o caso de Almada não é único no país. “Aconteceu o mesmo recentemente nas zonas de Oeiras e Oeste Sul, onde o assunto ficou resolvido”, garante. Luís Pisco admite que as cerca de 400 bases de dados diferentes utilizadas nas unidades de saúde, que datam da década de 1980, são “obsoletas”. Isso obriga a uma manutenção constante por parte dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, o que “muitas vezes não é possível”, lamenta.
Luís Pisco afirma ainda que o problema do servidor sobrecarregado é agravado pela “largura de banda insuficiente”, com velocidades “muito baixas”.
Para o responsável da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, o problema ficaria sanado com a entrada em funcionamento do Registo Nacional de Utentes, uma base de dados nacional de mais fácil manutenção. Esta base de dados “vai resolver os problemas crónicos da lentidão dos sistemas na saúde”, considera Luís Pisco, mas ainda não está em vigor “por questões legais”.
O PÚBLICO contactou os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, entidade responsável pela gestão do Registo Nacional de Utentes, mas não obteve resposta.
Fonte: Público, 21 de Maio de 2012