Paulo Mendo, do PSD, defende o ADSE, mas Correia de Campos e António Arnault, do PS, são muito críticos e defendem uma reforma profunda por ser um sistema mau e injusto.
O ex-ministro da Saúde, o social-democrata Paulo Mendo diz haver vantagens manutenção do sistema: “Tenho a impressão que há um pouco modas, actualmente há a moda de destruir serviços. Que a ADSE é um sistema injusto, que privilegia a função pública. Eu não considero isso, sempre fui funcionário público, sempre estive na ADSE. Considero que é melhor haver subsistemas do que haver um único sistema. Isto implica sempre uma forma de concorrência e nunca uma forma de benefício”
Quem não concorda com os méritos do ADSE é Correia de Campos, ex-ministro da Saúde num Governo do PS, que propõe a reforma, embora não a extinção, dos sistema.
“Há que substituir o ADSE. O ADSE é um mau sistema de saúde, é um sistema de saúde que não é integrado, onde o doente é partido Às fatias, em função de cada especialista. Se um de nós tiver um cancro e for a um cirurgião a primeira coisa que ele faz é operar, se formos a um oncologista clínico a primeira coisa que faz é quimioterapia”, critica.
“Isto tem de ter uma integração. A ADSE não permite essa integração. É um não sistema, é preciso reformar a ADSE, mas essa reforma não é o que o Álvaro Beleza propõe, não é a extinção pura e simples, não é possível, é a integração no SNS e a criação de uma mútua para que a classe média, que hoje é profundamente afectada pela punição fiscal deste Governo, possa respirar”, conclui Correia de Campos.
Por sua vez o também socialista António Arnault, ex-ministro dos Assuntos Sociais, e um dos principais dinamizadores do Serviço Nacional de Saúde, aproxima-se do ponto de vista de Álvaro Beleza, sugerindo que a ADSE é um sistema injusto: “Sendo o SNS um sector público, universal e geral, deve ser igual para todos, com excepção, eventualmente, para militares e forças de segurança.”
“Mas não vejo que magistrados e funcionários públicos tenham um privilégio especial, que ao que parece é a única na Europa. Sou pela igualdade de direitos, isso é que é o Estado social, a universalidade de direitos, portanto acesso igual e equitativo de todos os cidadãos, independentemente da sua profissão, ao Serviço Nacional de Saúde”, conclui.
Fonte: Rádio Renascença, 14 de Janeiro de 2013