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Ex-ministro da Saúde não acredita que lei orçamental do sector irá ser cumprida

O ex-ministro Correia de Campos mostrou-se, nesta quinta-feira, convicto de que a lei orçamental não irá ser cumprida no sector da saúde.

Terá que ser “relaxada ou renegociada, como já foi em parte”, designadamente em relação à indústria farmacêutica, afirmou o antigo governante socialista no final de uma conferência realizada no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, intitulada “Quais as condições de sustentabilidade dos sistemas de saúde?”.

“A indústria internacional dos produtos inovadores [farmacêuticos] não é insensível a uma renegociação” e “isso permitirá começar uma vida nova” na área da saúde, considerou, em declarações aos jornalistas.

Na sua opinião, o mais importante, num momento de mudança como considera ser o actual, é investir no modelo de gestão hospitalar e aí a sua aposta seria na atribuição de “mais poder aos gestores intermédios e aos directores de serviços” das unidades.

“Isso é central para cumprir os objectivos na saúde. Se não o fizermos, andaremos sempre a tapar remendos”, afirmou Correia de Campos.

O antigo governante elogiou a “grande generosidade” dos portugueses no actual momento de crise e disse que essa qualidade é o que permite às pessoas “sobreviver este ano com cortes de dois meses”, numa alusão aos subsídios de férias e de Natal.

“A corda não pode ser esticada até rebentar” e “já se foi, a meu ver, longe de mais”, acrescentou.

O outro orador da sessão foi o também ex-ministro da Saúde Luís Filipe Pereira, em governos do PSD – partido que lidera a actual coligação no poder –, o qual condenou o facto das parcerias publico privadas (PPP) estarem a “ser ‘demonizadas’”.

Em seu entender, no entanto, “há que destrinçar as áreas”, comparando o exemplo negativo das PPP realizadas na área da construção civil e as que foram estabelecidas para a saúde.

“Na construção fizeram-se auto-estradas sem clientes nem carros para satisfazer alguma indústria” do sector, mas na saúde permitem “ter hospitais a dar cuidados de saúde de qualidade às pessoas com custos controlados”, distinguiu o economista e gestor.

O que aconteceu de negativo foi que “o Estado não se dotou de meios nem de recursos para que fizesse uma boa negociação com os privados”, considerou, sublinhando que “o mal não está no conceito”, que é utilizado em muitos outros países.

“A originalidade portuguesa é fazer estradas onde não há tráfego”, acrescentou, referindo que, quando foi ministro da Saúde, deixou para o seu sucessor, precisamente Correia de Campos, estudos em fase inicial para a realização de PPP para construir quatro hospitais.

Unidades que prestam bons cuidados de saúde são também construídas noutros países pelo mesmo tipo de parcerias, insistiu.

Fonte: Público, 09 de Março de 2012

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