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Estudantes de medicina fazem “fila de espera” em frente ao Ministério da Saúde

Estudantes vão manifestar-se contra a falta de vagas para internato Os estudantes de medicina manifestam-se quinta-feira à tarde em frente ao Ministério da Saúde de uma forma, no mínimo, pouco comum. A ideia é colocarem-se em “fila de espera” na Rua João Crisóstomo, em Lisboa, de forma a chamarem a atenção da população para um problema que já se vai sentir este ano e tenderá a agravar-se nos próximos: o da saída de diplomados que não terão vagas para fazer o internato (formação tutelada) obrigatório para poderem exercer a profissão.

“A situação é insustentável. Não faz sentido anunciar que vamos ter mais médicos [no futuro] em Portugal e depois deixarmos licenciados numa ‘fila de espera’ para ter vaga no internato”, explica o presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, Manuel Abecasis. “Este ano, vamos ter mais de dois mil licenciados a sair e cerca de 1700 vagas para fazer formação”, especifica Francisco Mourão, da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina do Porto.

Actualmente, um licenciado em medicina não pode exercer a profissão de forma autónoma. Primeiro, tem que candidatar-se a entrar numa especialidade e passar dois anos a trabalhar sob a supervisão de um médico e, só no final desse período, passa a ter autonomia e a poder exercer a profissão (depois tem ainda de completar os anos necessários da especialidade escolhida).

Com o número de diplomados em medicina a crescer de ano para ano — em 2000 foram 700, segundo os dados da Pordata, e dez anos depois já eram 2240 — e a dificuldade em fazer crescer as vagas para o internato (em 2011 foram perto de 1500), a tendência será para o aumento do número de licenciados que não fazem o internato e não podem exercer medicina. “Nem sequer é desemprego, é uma espécie de limbo”, lamenta Manuel Abecasis.

Fonte: Público, 29 de Junho de 2012

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