O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) admitiu esta sexta-feira avançar com novas formas de protesto caso o Ministério da Saúde não resolva a questão da subcontratação destes profissionais a quatro euros/hora, avança a agência Lusa.
“O Ministério da Saúde ficou de marcar uma reunião para a próxima semana. Aguardamos uma data. Na quarta-feira, a direcção do Sindicato irá reunir e decidir o que fazer”, afirmou à agência Lusa José Carlos Martins, dirigente do SEP, admitindo que “tudo está em aberto” relativamente a novas formas de luta.
Esta sexta-feira, em Lisboa, mais de três dezenas de enfermeiros juntaram-se na Rua Augusta, onde instalaram um hospital de campanha, para contestar a subcontratação dos profissionais na área da Grande Lisboa a cerca de quatro euros por hora.
O Sindicato admite que já houve profissionais a aceitar estes contratos, mas salienta que há situações de recusa e de “grande dificuldade em colocar enfermeiros”.
Há mesmo casos em que as empresas de subcontratação recrutam profissionais que estão em casa e que desconhecem a realidade dos utentes nos serviços em que estão a ser colocados.
Ana Loureiro, enfermeira no desemprego, é uma das profissionais que recebeu um contrato que oferece 4,23 euros/hora e sem direito a quaisquer subsídios ou férias.
Em declarações à Lusa, esta enfermeira diz que acabou por recusar assinar o contrato “por tão pouco”.
“Se não fizermos nada vai acontecer não só aos outros enfermeiros como às outras profissões”, afirmou.
Inicialmente, cerca de 70 enfermeiros subcontratados na ARS-LVT receberam propostas para auferirem 3,96 euros para 35 horas semanais. Mais tarde, a empresa que tentou subcontratar os enfermeiros passou a oferecer 4,23 euros, reduzindo para 31,5 horas por semana.
Solidários com a causa dos enfermeiros mostraram-se os utentes que esta sexta-feira foram “atendidos” no hospital improvisado na Rua Augusta.
Maria José Duarte, empregada doméstica, considera inadmissível que estejam a receber tão pouco, até menos que ela própria, que aufere 600 euros mensais: “Estudaram, moeram a cabeça durante anos e são pagos miseravelmente. Não há direito, não tem lógica. O Governo não os pode sujeitar a isto”.
Na acção em Lisboa, onde se prestaram cuidados de saúde gratuitamente, como medição de tensão ou de glicemia, os enfermeiros quiseram mostrar que estão “sempre disponíveis” a servir a população e a “ter tempo para os utentes”.
No início do protesto, o SEP denunciou pressões sobre os profissionais de enfermagem para que não faltassem ao trabalho para participar nesta iniciativa.
“Há pressões de vária ordem” para que os enfermeiros não faltem ao serviço para se juntar à acção de contestação em Lisboa, disse à agência Lusa José Carlos Martins, dirigente do SEP.
O protesto dos enfermeiros ocorre no mesmo mês em que os médicos fizeram uma greve de 48 horas e uma concentração frente ao Ministério da Saúde, na qual, vestidos de batas brancas, reivindicaram medidas de defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Fonte: RCM Pharma, 20 de Julho de 2012