Quase 271 mil pessoas trabalham em empresas na área da saúde e bem-estar, que representam já 39 por cento dos estabelecimentos existentes nas regiões da grande Lisboa e Porto, revela um estudo divulgado esta quinta-feira, avança a agência Lusa.
O estudo “Actividades empresariais no Comércio e serviços relativas à saúde e bem-estar humano”, da Confederação do Comércio e Serviços Portugal (CCP), centrou-se nas actividades de cuidados de saúde e bem-estar, como nutricionismo e produtos dietéticos, termalismo e SPA, desporto e ‘fitness’ e alguns serviços de apoio social e de proximidade.
Estes estabelecimentos já têm “um significado que não pode ser menosprezado”, atingindo posições cimeiras das áreas da Grande Lisboa e Porto, onde concentram 39% do total de estabelecimentos, e na Península de Setúbal (7%).
O Cluster de Saúde e Bem-Estar (CESB) reunia, em 2009, 32.968 estabelecimentos, que empregavam 270.795 pessoas, das quais mais de 205 mil em actividades complementares ligadas à indústria de bem-estar e apoio social.
O estudo, apresentado no seminário “Comércio e Serviços na saúde e bem-estar”, refere que 95% dos funcionários são trabalhadores por conta de outrem, sendo a média dos ganhos mensais mais elevados nas “actividades de bem-estar e complementares”, rondando os cerca de 1.200 euros em termos nacionais.
O perfil de consumidores é diversificado: jovens (20/24 anos) com níveis de rendimento médio, adultos (40/50 anos) com rendimento médio-alto, famílias jovens com filhos com rendimentos médios e seniores (50/60 anos) com rendimentos médio-alto.
Os mais jovens consomem essencialmente programas de fitness, as famílias têm preferência por SPA, os adultos procuram preferencialmente métodos de prevenção de doenças e experiências de descontracção, os seniores serviços de tratamento médico mais tradicional ou SPA.
O estudo refere que este cluster “não está imune à crise que tende a desanimar as procuras de maior qualidade e sem urgência médica, por diminuição da capacidade de desembolso dos consumidores e, em certos casos, pela redução das comparticipações públicas”.
Os cuidados convencionados tendem a perder importância em consequência das restrições orçamentais do Estado, ao passo que a tele-saúde, a saúde electrónica e o turismo de saúde e bem-estar serão cada vez mais centrais nesta área.
“Torna-se evidente que há actualmente uma acentuada preocupação em colocar o indivíduo no centro do negócio, o que é reflexo de uma tendência e, ao mesmo tempo, consequência do cenário de crise que se está a viver”, adianta o estudo.
Perante este “enquadramento complexo”, as respostas estratégicas empresariais estão a passar por três vectores fundamentais: opções orientadas para o mercado interno, revendo os preços praticados e a forma de conseguir receitas; a internacionalização, apostando na exportação de cuidados e serviços (turismo de saúde e bem-estar), e a inovação tecnológica e de gestão.
Para o presidente da CCP, este cluster reflecte “a mudança de paradigma no modelo económico português”.
“Portugal precisa de um modelo que conjugue novas e renovadas actividades de bens e serviços com uma forte incorporação de valor acrescentado nacional e com baixa dependência de ‘inputs’ importados”, defendeu João Vieira Lopes.
Para Vieira Lopes, este trabalho, coordenado por Fernando Ribeiro Mendes, “torna evidente que o país deve apostar no saber e na prestação de serviços personalizados às empresas, consolidando um tecido de pequenas e médias empresas intensivas em conhecimento e funcionando crescentemente em rede.”
Fonte; rcm pharma, 6 de Junho de 2012