Nos dias de hoje, as organizações estão claramente norteadas por um crescente e veloz aperfeiçoamento organizacional e, o seu caráter cada vez mais elaborado e diversificado tem vindo a assumir uma importância fulcral nas sociedades industrializadas, marcadas pela sua constante mutação e complexidade, num cenário progressivo de globalização.
Esta realidade, enceta uma diversidade de responsabilidades a cargo das organizações nas quais o homem se insere, exigindo um esforço Hercúleo na resolução de uma maior variedade e complexidade de problemas, individuais e coletivos e, na vida em sociedade. É, portanto, no seio das organizações que as pessoas nascem, crescem, se aperfeiçoam, são educadas, aculturadas e trabalham e, é a elas que recorrem para satisfazer as suas necessidades, individuais e coletivas, indispensáveis à vida em sociedade.
Neste âmbito, Chiavenato (2005) refere “As organizações são sistemas sociais, isto é, sistemas compostos de pessoas em contínua e incessante interação:” (p.40). Torna-se, desta forma, absolutamente central o desenvolvimento da disciplina do Comportamento Organizacional nas organizações. Em concreto, o Comportamento Organizacional segundo este autor, pode ser definido como “a compreensão, predição e gestão do comportamento humano nas organizações.” (p.7). Perante a envergadura desta disciplina científica aplicada, esta deverá ser subsidiada de outras ciências tais como as ciências políticas, a antropologia, a sociologia, a psicologia, a economia e a gestão.
Convergindo fluências e vontades, será na complementaridade de todas estas áreas, que o Comportamento Organizacional adquire forma e estrutura e, incomensuravelmente se apresenta como um trunfo relevante no futuro das organizações.
Hodiernamente, um Gestor, pedra basilar de uma organização, confronta-se com um enorme desafio, que segundo Teixeira (1998) será “(…) conduzir a organização em direção aos objetivos previamente definidos. O sucesso de um gestor mede-se fundamentalmente pela sua capacidade em conseguir influenciar e encorajar os seus subordinados a atingir elevados níveis de desempenho, tendo em conta os recursos, as capacidades e a tecnologia disponíveis.” (p.139). Esta será a sua marca de água! A este nível, Kotter (1990) citado por Teixeira, alude numa imagem expressiva o que diferencia Gestão de Liderança: “Em tempos de paz, um exército sobrevive sem problemas se houver uma boa gestão ao longo da linha hierárquica em simultâneo com uma boa liderança no topo. Mas em tempo de guerra, torna-se necessária a existência de uma liderança competente em todos os níveis da hierarquia.”(p. 139). Pese embora, um Líder possa não ser bom Gestor mas, um bom Gestor terá obrigatoriamente de ser um bom Líder. Será este o busílis, dotar as estruturas organizacionais de pessoas que agreguem a tarefa de interpretar as metas propostas e, transformá-las em ação, através do planeamento, direção, controle e, organização em simultâneo com a capacidade de conseguir com que os outros façam aquilo que se pretende que se faça.
Alavancado por estas premissas, o Comportamento Organizacional aplica-se ao nível da macro perspetiva, ou seja, do Comportamento Organizacional num todo, ao nível da perspetiva intermediária no que abarca o comportamento de grupos e de equipas e, na micro perspetiva que envolve o comportamento do indivíduo ao trabalhar sozinho na organização. Chiavenato (2005) entende que estas três dimensões congregam em si mesmas variáveis que, se traduzem em variáveis resultados, às quais um Gestor deverá estar meticulosamente concentrado nomeadamente: o alcance dos objetivos organizacionais, o valor económico agregado, a renovação organizacional e, o crescimento organizacional (p.16).
Tendo em linha de conta a relevância das palavras Comportamento Humano quando refletimos sobre Comportamento Organizacional, acrescento aos desafios futuros para esta disciplina em progressivo desenvolvimento, o que entendo clara e inequivocamente como foco de atenção, a intrepidez de não atender as pessoas de forma semelhante, descurando as suas particularidades. Sem complacência a questão central são as pessoas bem como, a sua singularidade pois, o Ser Humano é único e irrepetível.
Estreitando a análise para as organizações de saúde, percebemos que esta pandemia provocada pela Covid-19, se por um lado expôs a falta de investimento em particular no Serviço Nacional de Saúde por outro lado, enalteceu a competência, a capacidade de resiliência e, de readaptação dos profissionais de saúde, na medida em que esses foram inegavelmente os fatores chave de sucesso para dar resposta a este assalto pandémico. O Capital Humano foi sem sombra de dúvida o elemento diferenciador!
Desta forma, no futuro será fortemente desejável, uma liderança que através de uma comunicação eficaz e clara, transmita a missão, visão e valores de uma organização, motivando os seus profissionais para a melhoria contínua, almejando a inovação e o desenvolvimento, num plano consistente de investimento no conhecimento dos seus colaboradores, convertendo as sinergias resultantes dos conflitos em oportunidades de crescimento individual e coletivo. Prosseguindo esta trajetória, incorporar o conhecimento nas organizações em simbiose com o alinhamento dos recursos humanos e, com a estratégia organizacional, afigura-se vital e distintivo.
Assim sendo, o Gestor tem a missão de contribuir para um aumento da satisfação, realização, dedicação e motivação dos que implementam a estratégia e, que participam na sua respetiva formulação. Deste modo, as pessoas deixam de ser encaradas como um custo e, passam a ser um ativo estratégico.
Não obstante, da acumulação do saber sobre as organizações e sobre o Comportamento Organizacional, entender a sua complementaridade e especificidade, constitui um pilar para a dinâmica de manutenção e, de melhoria dos processos de gestão das pessoas, pois potencia o trabalho dos Líderes conferindo-lhes a possibilidade de prever e, evitar problemas individuais e coletivos entre os profissionais, permitindo estruturar estilos de liderança e estratégias de gestão efetivas para o alcance das metas desejadas. Torna-se essencial neste sentido, realizar estudos sobre os Comportamentos Organizacionais com o propósito de obter maior conhecimento sobre todas as lacunas no âmbito comportamental, potenciando o desenvolvimento contínuo e assertivo das organizações, a fim de atrair e motivar os seus profissionais, progredindo para níveis mais elevados de produtividade, autonomia e de harmonia.
Pessoas certas, nos cargos certos, com uma visão conciliadora do capital humano numa organização, fazem e farão toda a diferença. Este é o desafio!
Referências Bibliográficas
– Blanchard, K., Johnson, S. (2012) O Gerente Minuto. ( 33ª Edição). Rio de Janeiro. Record.
– Chiavenato, I. (2005). Comportamento Organizacional – A dinâmica do sucesso das organizações. (2ª edição). São Paulo: Campus.
– Chiavenato, I. (2009). Recursos Humanos, o capital humano das organizações (9ª edição). Elsevier: Campus.
– Cunha, M.P., Rego, A., Neves, P., Cabral, C., Cunha, R.C. (2014). Manual de Comportamento Organizacional e Gestão. (7ª Edição). Lisboa: RHeditora.
– Rego, A; Cunha, M. P. Comportamento Organizacional: XXI temas e debates para o século XXI. Comportamento Organizacional e Gestão, 2004, VOL. 10, N.º 1, 5-41
– Teixeira, S. (1998) Gestão das organizações. Lisboa: McGraw-Hill