A despesa com medicamentos nos hospitais públicos desceu 1,3% nos primeiros nove meses do ano, comparativamente ao período homólogo, totalizando um gasto de 774,9 milhões de euros, a maioria em ambulatório, segundo um relatório do Infarmed.
O relatório contabilizou o consumo de medicamentos em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com gestão pública (50 hospitais), tendo contribuído para este decréscimo principalmente o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (-8,9%), o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (-4,2%), o Hospital Garcia de Orta (9%) e o Centro Hospitalar de Lisboa Central (-2,4%).
No mês de Setembro, o último contabilizado, o decréscimo em relação ao mesmo mês do ano passado foi de 6,6%. No período em análise a despesa com medicamentos em ambulatório (Consulta Externa, Hospital de Dia e Cirurgia de Ambulatório) foi de 569,9 milhões de euros, o que representa 76% da despesa total (774,9 milhões de euros).
O elevado peso que tem o ambulatório nestas contas deve-se essencialmente à despesa com os medicamentos que são cedidos nos serviços farmacêuticos (44,9%) e que são muito caros, como é o caso dos fármacos para o VIH ou para a artrite reumatóide.
O relatório sobre o consumo de medicamentos em meio hospitalar destaca os três grupos terapêuticos que mantêm a tendência de crescimento: os antivíricos (+3,8%), imunomoduladores (+3,3%), outros medicamentos com acção no Sistema Nervoso Central, decorrente da introdução do Tafamidis (+265,4%) e outros Produtos (+6,9%), entre os quais predominam os medicamentos órfãos.
A análise por grupo terapêutico revela que nos primeiros nove meses do ano os antivíricos, que incluem os medicamentos para o VIH/SIDA, totalizaram 184,6 milhões de euros (23,8% da despesa total). Os imunomoduladores representaram no mesmo período 190,6 milhões de euros (24,6%). Os antibacterianos (-15,4%), citotóxicos (-7,7%) e factores estimulantes da hematopoiese (-14,8%) mantêm a tendência de decréscimo na despesa. A redução da despesa nestes grupos é justificada com a introdução de medicamentos genéricos e biossimilares.
Quanto aos grupos específicos de medicamentos, verifica-se um aumento da despesa: nos medicamentos órfãos a subida foi de 15,6%, para 50,4 milhões de euros (6,5% da despesa total), nos medicamentos abrangidos por regimes especiais de comparticipação de cedência em farmácia hospitalar (como os do VIH e da artrite reumatóide) a despesa a despesa subiu 3,5%, totalizando 280,2 milhões de euros.
No que respeita ainda aos medicamentos órfãos, só o tafamidis apresenta consumos no valor de 2,8 milhões de euros, o que corresponde a 5,6% no total da despesa com este tipo de medicamentos.
Fonte: Correio da Manhã, 21 de Novembro de 2012