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Declarações do presidente do Conselho de Administração do CHSJ

“O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos (CRN) tomou conhecimento das declarações do presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar São João (CHSJ) em entrevista ao programa “Olhos nos Olhos” na TVI24 no dia 17/12/2012, que foram amplamente difundidas nos restantes órgãos de comunicação social.

Sem prejuíz…o de uma análise mais detalhada das declarações proferidas pelo presidente do CA do CHSJ, o CRN lamenta profundamente que um alto dirigente da administração pública, médico inscrito na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, manche abertamente o bom nome de todos os profissionais que trabalham no SNS e no CHSJ, ao sugerir que os médicos, e designadamente os especialistas de todas as especialidades cirúrgicas do País, e em particular os do CHSJ, não cumprem os seus deveres no SNS como cirurgiões e como cidadãos. A sugestão de que operam pouco, traduzida em números distorcidos e mistificadores sobre a actividade cirúrgica no CHSJ, e de que “baixam a produtividade no SNS para operar os doentes nas instituições privadas”, não dignificam o CA do CHSJ nem os médicos. Pelo contrário, estigmatizam todos os médicos do CHSJ e apenas contribuem para aumentar a indignação dos médicos e dos doentes.

De resto, a informação alarmista de que 30 cirurgiões do CHSJ não iriam ao bloco é incompreensível, na medida em que, a ser verdade e na ausência de justificação aceitável, a responsabilidade é também dos respectivos directores de serviço nomeados pelo CA e do próprio CA do CHSJ.

Foi completamente ignorada a multiplicidade de ocupações a que um especialista está sujeito no seu serviço, desde a formação dos internos de especialidade às tarefas administrativas, passando pela consulta externa, serviço de urgência, serviço em unidades de cuidados específicos, acompanhamento dos doentes internados, formação contínua e investigação.

Adicionalmente, a referência às carreiras profissionais, e em particular à carreira médica, com a alusão negativa aos “cargos de chefia que se mantêm toda a vida”, foi particularmente infeliz e contrária aos princípios fundadores do próprio SNS e mostrou uma confusão inquietante entre a progressão na carreira (qualificação e competências médicas) e os lugares de direcção (de nomeação e da exclusiva responsabilidade do CA do CHSJ).

Numa altura de crise social, em que todos os portugueses se sentem injustiçados, e em que o bom senso deveria constituir um imperativo público, as declarações produzidas são inaceitáveis e contraproducentes.

O CHSJ foi considerado, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor do SNS no estudo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública. Tal avaliação não seria possível se não tivesse excelentes profissionais, pelo que tal estudo deveria também ser entendido como um elogio aos recursos humanos de que dispõe o CHSJ.
De facto, os profissionais da saúde, e em particular os médicos, como pilar essencial do SNS, são os principais responsáveis pela melhoria da qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos e pelo sucesso internacional do nosso SNS, tendo estado intimamente associados aos méritos do nosso Serviço de Saúde sistematicamente destacados pela OCDE e pela OMS. Os indicadores de saúde conhecidos e regularmente divulgados falam por si. Acresce ainda que os médicos portugueses são internacionalmente reconhecidos como excelentes profissionais, e os que mais prestigiaram um serviço público em Portugal e no resto do Mundo.

Interpretando de forma literal os dados apresentados pelo presidente do CA do CHSJ, só podemos concluir que resultaram de uma reflexão autocrítica de quem tem responsabilidades directas na matéria. Em última análise, se a actividade médica e cirúrgica do CHSJ não corresponde aos parâmetros definidos pela sua direcção, só ela poderá justificar porque tal acontece e tomar as medidas necessárias para inverter a situação. Jamais tal poderá servir para julgar em praça pública os seus profissionais com declarações que entendemos ser difamatórias.

Expressando a máxima solidariedade com todos os profissionais médicos do CHSJ, o CRN considera que o seu trabalho é altamente prestigiante para a Medicina nacional e contribui de forma decisiva para que o seu hospital seja uma referência de rigor e excelência na prestação de cuidados de saúde.

Dadas as circunstâncias e o impacto das declarações proferidas, o CRN exige ao presidente do CA do CHSJ explicações fundamentadas sobre as suas afirmações, que apenas contribuíram para deteriorar de forma irreversível a confiança dos médicos e dos doentes em quem governa o CHSJ.

Em nome dos doentes e do País, todos temos a obrigação de manter, respeitar e dignificar o SNS. A começar por quem tem o poder final de decisão. Ao cuidado do Senhor Ministro da Saúde.

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos”

1 Comment

  1. Miguel Sousa Neves

    Importante estas declarações para explicar um pouco a intervenção no mínimo desastrosa do médico internista Presidente do Conselho de Administração do CH São João no Porto!

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