O BE defendeu hoje que o corte de 750 milhões de euros no Orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) passa necessariamente pelo encerramento de serviços e exigiu que o Governo faça uma avaliação da reforma das urgências.
“Percebe-se agora aquilo que o Orçamento do Estado não deixa claro, onde o Governo vai reduzir 750 milhões de euros no financiamento do SNS, é impossível fazer isso com a poupança prevista nos genéricos ou com ganhos de gestão, 750 milhões significam seguramente o fecho de serviços de urgência e a concentração de especialidades”, afirmou o deputado do BE João Semedo.
O deputado bloquista falava numa conferência de imprensa na Assembleia da República onde criticou as opções orçamentais do executivo para o sector da Saúde e divulgou um relatório do grupo de trabalho nomeado pelo Governo para a reforma da rede nacional de urgência e de emergência.
Neste relatório, de um dos elementos desse grupo, está previsto “o fecho das urgências do Hospital Curry Cabral, do Hospital de Fafe, Santo Tirso, Peniche, Montijo, Régua, Vila do Conde, São João da Madeira, Ovar, Esposende, Espinho, Anadia, Estarreja, Cantanhede e Fundão” e o “desinvestimento nas urgências de Gaia, Viseu, Évora, Chaves e Mirandela”, referiu João Semedo.
O documento prevê também o adiamento da construção “do novo Hospital de Gaia, do Hospital de Vila do Conde/Póvoa de Varzim e do Hospital de Todos os Santos, em Chelas”.
Para o parlamentar do BE, este processo não deve avançar sem que o Governo “elabore e divulgue um relatório de execução da reforma das urgências e de emergências que está em curso” desde o mandato de Correia de Campos.
“Não nos parece correcto que se mexa na rede nacional de urgências sem avaliar a reforma que tem estado a ser executada”, sustentou.
Semedo defendeu ainda que o Governo deve “abrir previamente um período de consulta e discussão pública”, porque “não apenas os profissionais e os autarcas mas, sobretudo, as populações, têm de participar neste processo”.
O deputado sublinhou que o BE vai suscitar estas questões durante o debate do Orçamento na especialidade, reforçando que o corte anunciado pelo Governo só será possível “sacrificando e encerrando” um conjunto de serviços.
“Isso o Orçamento não diz, o Governo não diz, mas gostávamos que isso ficasse claro”, concluiu João Semedo.
Fonte: Público, 20 de Outubro de 2011