O presidente da Sociedade Portuguesa de Gestão de Saúde (SPGS), Miguel Sousa Neves, esteve esta terça-feira reunido com o presidente da ADSE, Carlos Liberato Baptista, e com a vogal do Conselho de Administração da ADSE, Sofia Portela, com o objetivo de discutir a reestruturação dos valores a serem praticados pela ADSE (sistema de assistência na doença dos funcionários e aposentados do Estado).
Segundo Miguel Sousa Neves, a “reunião foi extremamente produtiva e aberta, tendo sido abordados todos os aspetos positivos e negativos de uma Assistência à Sáude com quase 50 anos, com as virtudes e vícios de muitos anos de apoio sem controlos rígidos nem atualizados”, continuando: “houve um consenso sobre a maioria das medidas preconizadas pela direção da ADSE, no sentido de equilibrar financeiramente a mesma e dar os primeiros passos no sentido de uma sustentabilidade a médio e longo prazo baseados em critérios de total tese de realidade factual”.
Quanto a medidas na área das consultas de especialidade foi, segundo o presidente da Sociedade Portuguesa de Gestão de Saúde, “enfatizado o tipo diferenciados das mesmas, em que umas requerem tempo e equipamentos diferentes de outras, sendo algo a estudar para o futuro, para que os preços neste campo possam refletir a verdade do que se faz e para que os pacientes da ADSE não sejam tratados como doentes de nível inferior e ‘despachados’ das consultas sem o cuidado médico de uma consulta de especialidade rigorosa”.
O trabalho de procura de acordos por parte da ADSE de preços fechados em atos cirúrgicos foi por sua vez elogiado por Miguel Sousa Neves que não aceita que haja uma diferença visível no que se paga aos privados face ao setor social, justificando: “todos eles têm lucros com o acordo ADSE e enquanto uns supostamente devem reinvestir o que ganham na Comunidade e nos mais desfavorecidos (setor social) outros revertem para os acionistas”. Neste sentido, Miguel Sousa Neves defende que os preços a praticar devem ser os mesmos e “alinhados por baixo”.
Já sobre as alterações referentes às tabelas de medicina física e de reabilitação, os intervenientes concordaram que os prazos de pagamento deveriam ser “ainda mais rígidos que os propostos e as próteses intraoperatórias poderiam ser negociadas diretamente pela ADSE com os fornecedores, conseguindo preços mais baixos e transversais para todos os prestadores”.
Outro dos pontos discutidos foi o das tabelas de preços de materiais e medicamentos. “Dada a disparidade quase escandalosa que se nota na faturação à ADSE, esse controlo deveria ser extremamente rigoroso e com preços máximos muito bem definidos, tal como está proposto pela atual direção, o mesmo se passando na proposta da tabela de transportes”, reforçou o dirigente.
No caso dos tratamentos de alto risco nas áreas de oncologia foi discutida a possibilidade de uma parceria maior com o Serviço Nacional de Saúde, que assume a maioria desses casos.
Por sua vez, segundo o presidente da SPGS, “houve total acordo sobre a necessidade de controlo de gastos em internamento e nos consumos em sala cirúrgica”, ficando ainda a sugestão para “uma maior abertura por parte da ADSE a novos prestadores de saúde, especialmente os de pequena e média dimensão”.
Por último, Miguel Sousa Neves sugeriu que a tabela passe a vigorar por um período experimental de 6 a 12 meses durante a qual a ADSE irá aferir se o caminho atualmente preconizado é o mais correto ou se são necessárias reformas estruturais, como aliás defende, de forma a tornar o sistema mais honesto, transparente e atual, com uma sustentabilidade mantida na livre escolha do utente mas baseada num controlo rígido das despesas e com a possibilidade de centros diferenciados fornecerem serviços de saúde privilegiados da ADSE”.