O presidente do Infarmed alertou hoje que as restrições orçamentais não podem impedir a inovação na saúde, que considerou “essencial”, enquanto o secretário de Estado da Saúde prometeu procurar “equilíbrios”, apesar de lembrar que os tempos são de “sacrifícios”.
“A inovação custa dinheiro, mas é essencial para o desenvolvimento do mundo da saúde. Estamos numa crise que dificulta essa inovação, mas não pode impedi-la”, disse à Lusa o presidente do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, Jorge Torgal, no final da conferência anual deste organismo, que decorreu em Cascais. O encontro, este ano subordinado ao tema “Medicamento e Produtos de Saúde: Inovação, Desenvolvimento e Sustentabilidade”, pretendeu reflctir sobre como resolver as dificuldade face às actuais restrições orçamentais.
Jorge Torgal sublinhou ainda que devem ser encontradas prioridades para a inovação, baseadas no rigor. “Há que perceber como se consegue espaço financeiro para este desafio da inovação que parece ser inviável e, para isso, temos de ser rigorosos no acesso daquilo que é novo aos cuidados de saúde”, sustentou. Além disse, salientou, “é necessário encontrar novos meios para um desenvolvimento mais eficaz da inovação e rentabilizar recursos nas universidades”.
No encerramento da conferência anual do Infarmed, o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, apelou ao empenhamento de todos os profissionais da indústria farmacêutica para “ajudar o Governo a construir um país mais forte e mais reforçado”. “Vamos tentar, sempre que possível, encontrar equilíbrios”, disse Leal da Costa, que sublinhou que o tempo é de “sacrifícios”. Ao longo do dia foram discutidos temas como os sistemas de farmacovigilância em Portugal, o futuro dos ensaios clínicos, o papel da informação nas decisões de financiamento de medicamentos pelo Infarmed, entre outros.
A conferência de encerramento teve como oradora a directora do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa, Maria do Carmo Fonseca, que apresentou “grandes opções de saúde no século XXI”. A investigadora, que este ano foi galardoada com o Prémio Pessoa, revelou uma nova base de medicamentos biológicos, baseado na molécula RNA. Segundo Maria do Carmo Fonseca, a utilização deste tipo de moléculas tem fins terapêuticos e pode vir a corrigir problemas como deficiência muscular em crianças. A descoberta está já em ensaio clínico mas aguardam-se ainda os resultados.
Fonte: Diário de Notícias, 10 de Outubro de 2011