António Arnaut, considerado o “pai” do Serviço Nacional de Saúde (SNS), diz que as alterações às taxas moderadoras não beliscam a filosofia do serviço público.
«Penso que essas alterações não afectam a filosofia humanista do SNS, porque há um alargamento das pessoas isentas e há um estreitamento de alguns benefícios relativamente a doentes crónicos», comentou, esta quinta-feira, em declarações à TSF.
António Arnaut confessou que «preferia que houvesse mais isenções», mas perante a «situação de emergência» do país é preciso «reduzir o orçamento da saúde para o próximo ano em 550 milhões».
O socialista mostrou-se também a favor da actualização das taxas, algo que «já não se verifica há anos», e que elas sejam actualizadas «em função da inflação», desde, frisou, que «não percam a sua essência, serem taxas moderadoras destinadas a moderar ou desencorajar a procura desnecessária e não se transformem em forma de financiamento do SNS».
«É preciso muito cuidado quando se mexe com este tipo de coisas, porque a saúde é um direito e se a tivermos de pagar directamente no acto médico» deixa de o ser, rematou.
Também o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares considerou positivo aliar a isenção das taxas moderadoras aos rendimentos e mostrou-se confiante de que estas medidas possam moderar o acesso às urgências.
«Só posso ficar contente» com as alterações, pois havia uma «amálgama de situações de isenção para isenção» de tal forma que «mais de 50 por cento das pessoas estavam isentas», afirmou Pedro Lopes.
Fonte: tsf, 29 de Setembro de 2011