O bastonário da Ordem dos Médicos apelou hoje a toda a sociedade para que se empenhe na manutenção do Serviço Nacional de Saúde (SNS), lembrando que Portugal é dos países europeus que menos gastam e onde os cidadãos mais contribuem para as suas despesas. Na véspera do Dia do SNS, José Manuel Silva vincou que Portugal tem um sistema de saúde equilibrado que não deve ser colocado em causa.
“O SNS permitiu que Portugal tivesse das melhores estatísticas de saúde do mundo com baixo custo, porque somos dos países da Europa que menos gastam em termos absolutos per capita em saúde e em que os cidadãos mais contribuem para as suas despesas”, afirmou o bastonário.
Apesar de compreender que é necessário lutar pela sustentabilidade financeira do país, o representante dos médicos diz que em saúde só se poupa com uma aposta na qualidade: “Um cidadão doente é um cidadão que dá mais despesa”.
“Temos de corrigir a cultura de governação de Portugal, apostando no que é bom. O SNS é um serviço quase de excelência. Apostar na sua preservação é um investimento económico para o país”, frisou.
O médico defendeu ainda que não é pondo em causa o SNS que Portugal se conseguirá equilibrar financeiramente, lamentando também que os “múltiplos governos e políticos” não sejam verdadeiramente responsabilizados pela a situação de “bancarrota” a que o país chegou. “O que posso desejar no dia do SNS é que a sociedade se empenhe na sua manutenção e nunca em colocar em causa aquele que é o melhor serviço público português”, afirmou
Também o porta-voz do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos de Saúde (MUSP) salientou a importância do SNS, lamentando as “medidas implementadas pelos consecutivos governos”. O representante do MUSPS lastimou os “desinvestimentos sucessivos, que ano após ano têm vindo a afectar a qualidade e a dificultar o acesso”.
Para Carlos Braga, o “desinvestimento mostra que não havia muita vontade de continuar a dotar o SNS com meios técnicos e humanos para servir a população”. Quanto ao futuro do SNS, é pouco optimista: “não temos grandes esperanças de que as coisas melhorem”.
Fonte: Público, 14 de Setembro de 2011