Imagine-se este cenário: no mesmo dia e à mesma hora há dois homens, com a mesma idade e com os mesmos problemas de saúde, que têm um acidente vascular cerebral com as mesmas características. A diferença é que um dos doentes vai para um dos melhores hospitais do país e o outro para um que fica de fora do ranking . As estimativas indicam que o primeiro tem menos 20% de hipóteses de morrer do que o segundo. Este é um dos dados avançados pelo trabalho Top 5 – A Excelência dos Hospitais , que foi apresentado nesta terça-feira, em Lisboa.
O trabalho é realizado pela consultora multinacional espanhola Iasist e traduz-se num ranking que divide os hospitais portugueses em cinco grupos, de acordo com a dimensão. Em cada grupo são conhecidos três finalistas e o galardão é entregue apenas ao que fica em primeiro lugar. Não são divulgados os hospitais com classificações menos positivas. Além da listagem, a consultora, que anteriormente foi liderada pelo actual secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, avalia indicadores que tentam explicar o que fazem melhor os vencedores.
As conclusões indicam que as unidades que estão no top têm uma mortalidade que é inferior em 19,5% à dos restantes hospitais. João Completo, da Iasist, explica que este valor já está “ajustado”, ou seja, tem em consideração que há naturalmente locais que atendem doentes mais graves e em que é inevitável que o desfecho possa ser negativo. Os melhores hospitais conseguem também ter menos 1,3% de complicações com os doentes que atendem e menos 1,5% de readmissões de doentes.
Segundo João Completo, “estes resultados são conseguidos com um tempo de internamento inferior” ao dos hospitais que não chegam ao top. Se todas as unidades do país conseguissem ter um comportamento idêntico às que chegam ao pódio, o país conseguiria ter menos 473.677 dias de internamento. Nas contas da Iasist, nas melhores instituições os profissionais também são mais produtivos: os médicos vêem em média mais 11,6% de doentes e os enfermeiros assistem mais 21,8%.
Estes indicadores são conseguidos com menos dinheiro. Os hospitais do topo conseguem tratar os doentes com um valor que em média é de menos 26,3%. “Há mais qualidade com menos despesa”, sublinha João Completo, que estima que se no Serviço Nacional de Saúde todas as unidades trabalhassem com a mesma eficiência a poupança seria de 742 milhões de euros.
Hospitais do Norte lideram
Foram avaliados 41 hospitais de 50 em todo o país, excluindo-se unidades como os institutos portugueses de oncologia e as unidades psiquiátricas. O “grupo E” distingue os maiores hospitais e contou com três nomeados: além do vencedor, chegaram ao pódio o Centro Hospitalar de São João, no Porto, e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Quanto aos restantes prémios, no “grupo B”, o que reúne os hospitais mais pequenos, o vencedor foi o Centro Hospitalar Póvoa Varzim/Vila do Conde. No “grupo C” o galardão foi para o Hospital de Cascais. Já no “grupo D” o Hospital de Braga foi o grande vencedor. Num grupo à parte foram analisadas as Unidades Locais de Saúde (ULS) e a distinção foi para a ULS de Matosinhos.
Fonte: Público, 29 de novembro de 2016