Medida está incluída no plano de reforma do SNS na área dos Cuidados de Saúde Primários, que também vai incluir a criação da carreira efetiva do enfermeiro de família
O governo vai remunerar todos os médicos dos Cuidados de Saúde Primários, como os centros de saúde, em função do desempenho, à semelhança do que já acontece com as Unidades de Saúde Familiar. Na prática, vão poder ganhar mais.
Está ainda em cima da mesa uma alteração na ponderação das listas de utentes, isto é no número de doentes crónicos, grávidas ou crianças que cada médico deve ter a cargo.
O ministro da tutela, Adalberto Campos Fernandes, diz que o foco do Serviço Nacionais de Saúde devem ser os cuidados primários e que é preciso acabar com a “maldição” de Portugal ser dos países da Europa e da OCDE com mais idas às urgências.
FALTAM 616 MÉDICOS
Cálculos do Governo revelam ser necessários mais 616 médicos de família para possibilitar o acesso médico ao milhão de portugueses ainda sem clínico assistente.
Neste momento, há 10,05 milhões de inscritos no Serviço Nacional de Saúde e apenas 5262 especialistas em medicina geral e familiar.
Lisboa e Vale do Tejo é uma das regiões com maiores carências, sobretudo na área de Sintra, segundo Henrique Botelho, coordenador nacional para a reforma do SNS na área dos Cuidados de Saúde Primários.
Ainda sobre o alargamento de cuidados, os centros de saúde e as unidades de saúde familiar vão fazer rastreio visual a todas as crianças entre os dois e os quatro anos para despistar problemas que possam levar a casos muito graves como a cegueira, A ambliopia é um desses problemas.
Para o final do primeiro semestre está ainda previsto o inicio de uma experiência-piloto para oferecer cuidados de saúde oral a toda a população nos centros de saúde. A experiência vai realizar-se em 10 a 15 unidades na região de Lisboa e Vale do Tejo e no Alentejo
CARREIRA DE ENFERMEIROS DE FAMÍLIA RECONHECIDA
Outra novidade anunciada esta tarde é que a especialidade de enfermagem de saúde familiar vai ser implementada no Serviço Nacional de Saúde.
A especialidade já existe e é reconhecida pela Ordem dos Enfermeiros, mas não tinha qualquer validade nos cuidados de saúde. A carreira passará a ser assim estabelecida e reconhecida para permitir a criação efetiva do enfermeiro de família.
Não foi dito por agora se os enfermeiros com esta especialidade vão ou não receber mais.
Para concretizar a reforma apresentada esta tarde, novas reuniões de trabalho vão agora avançar. A última será a 7 abril, no Algarve.
Fonte: Expresso, 24 de fevereiro de 2016