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A equipa que vai tratar da saúde dos portugueses

A equipa que vai tratar da saúde dos portuguesesÁgua mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Depois de ter sido apontado várias vezes ao longo dos anos como ministro, foi desta que Adalberto Campos Fernandes assumiu os comandos da Saúde. O médico, que nunca exerceu e que assumiu responsabilidades como gestor em vários hospitais e entidades de saúde foi, sem surpresas, a escolha de António Costa para conduzir a pasta da João Crisóstomo.

Adalberto Campos Fernandes, entusiasta defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tomou posse como ministro há seis dias e deixou a presidência da Comissão Executiva do SAMS, serviço de assistência médico-social dos trabalhadores da banca. Licenciado em Medicina e especialista em Saúde Pública, uma semana antes de tomar posse, com 57 anos, defendeu sua tese de doutoramento no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade de Lisboa. Uma tese focada na relação entre o sectores público e privado na saúde. Para o 13º ministro da Saúde desde o 25 de Abril – apoiante do candidato presidencial Sampaio da Nóvoa – esta relação tem “ganhos de eficiência, mas não necessariamente melhoria da saúde”.

Militante socialista e professor convidado da Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova, foi em 2005 que Adalberto Campos Fernandes saltou para a ribalta como gestor do maior hospital público do país, o Hospital de Santa Maria. Cargo que lhe valeu destaque depois de ter aceite o convite do então ministro António Correia de Campos. Em cinco anos dominou “o monstro” que é o Santa Maria e revolucionou o seu modelo de gestão. Além disso ganhou protagonismo no sector durante o caso dos doentes cegos no Santa Maria, em Julho de 2009, já com a integração deste hospital no Centro Hospitalar de Lisboa Norte juntamente com o Pulido Valente. Na altura, o agora ministro avançou para a solução arbitral para que os doentes pudessem ser indemnizados logo que possível, evitando a longa espera do processo em tribunal.

Pela mesma altura, em época de pré- campanha para as eleições legislativas de Setembro de 2009, o seu nome começou a ser falado nos bastidores como o substituto da então ministra Ana Jorge, o que acabou por não acontecer.
O ministro esteve ainda à frente do Hospital de Cascais e trabalhou no Millennium BCP, na área de seguros de saúde. Por onde passou, ficou conhecido por conseguir equilibrar as contas.

Já com Passos e Portas no Governo, Campos Fernandes juntou-se ao antigo secretário-geral socialista António José Seguro no Laboratório de Ideias e Propostas para Portugal (LIPP). Mas esteve desde a primeira hora ao lado de António Costa, quando este disputou a liderança do PS e foi um dos responsáveis pelo capítulo da saúde do programa eleitoral com que Costa se apresentou às eleições.

Crítico das políticas seguidas pelo ex-ministro Paulo Macedo, Adalberto Campos Fernandes promete que é “sem crispação” que vai defender o SNS com uma “mensagem de incentivo e de confiança”. Em seu entender é urgente rever as taxas moderadoras, defendendo que deve ser isento do pagamento quem chega a um hospital referenciado pelos cuidados primários, Linha Saúde 24 ou INEM.

Para gerir o dossier da saúde, Adalberto Campos Fernandes conta com uma equipa já experiente na área. Fernando Araújo, 49 anos, é o novo secretário de Estado Adjunto da Saúde. Licenciado em Medicina, tendo exercido a actividade, conta com uma pós-graduação em Gestão. Antes de assumir o cargo de governante foi director do Serviço de Imuno-hemoterapia do Centro Hospitalar de São João, no Porto, onde foi também adjunto da direcção clínica. Foi também presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte. Além disso, Fernando Araújo esteve ligado a vários projectos de investigação tendo sido um dos principais responsáveis pela promoção da cirurgia de ambulatório em Portugal, uma das bandeiras do ex-ministro Paulo Macedo. Trata-se de um modelo que permite aos doentes irem para casa mais cedo, reduzindo riscos de infecção e tempo de internamento. O secretário de Estado trabalhou ainda na Comissão Nacional de Luta Contra a Sida e no grupo de trabalho da Direcção-Geral da Saúde, que criou a rede de referenciação hospitalar de imunoterapia.

Manuel Delgado, 63 anos, é o secretário de Estado da Saúde. Licenciado em Economia com uma pós-graduação em Administração Hospitalar destacou-se no sector depois de ter sido administrador dos hospitais Pulido Valente, Capuchos e Curry Cabral, onde esteve três anos antes da integração do hospital no Centro Hospitalar Lisboa Central. Durante 16 anos foi presidente Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e era, desde 2010 director-geral da consultora multinacional de origem espanhola IASIST, responsável pelo ‘ranking’ dos hospitais portugueses. Manuel Delgado mantinha ainda uma estreita relação com a academia, sendo professor de várias disciplinas relacionadas com a gestão hospitalar na Escola Nacional de Saúde Pública, na Nova, e na Universidade Lusófona.

Fonte: Económico, 2 de dezembro de 2015

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