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Observatório dos Sistemas de Saúde: país ficou mais doente depois da intervenção da Troika

Enfermeiros em falta, médicos mal distruibuidos e taxas moderadoras com valores que afastam os utentes – são alguns dos problemas do Serviço Nacional de Saúde identificados no relatório de Primavera feito pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

Este grupo de análise, que envolve várias universidades verificou que após a intervenção da Troika o rácio de enfermeiros e médicos é dos mais desequilibrados dos países da OCDE.

Em 5 anos houve menos 5 milhões de consultas nos centros de saúde.

As camas nos hospitais públicos diminuíram e na rede de cuidados continuados, as camas existentes não chegam para responder a 30% das necessidades.

O estudo do Observatório dos sistemas de saúde diz mesmo que as camas na rede de cuidados continuados “não responde minimamente às necessidades”, já que em todo o país, há mais de 110 mil pessoas em casa, dependentes de cuidados, das quais quase 50 mil estão acamadas.

O acesso aos medicamentos é também cada vez mais difícil, lê-se no relatório, que aponta a crise como explicação: quer pela perda do poder de compra dos utentes, quer pelas dificuldades da indústria, distribuidores e farmácias.

O estudo fala mesmo em sinais de grande fragilidade, aumento do risco de pobreza, que leva ao corte de bens essenciais, na alimentação, que podem ter efeitos imprevisíveis na saúde.

Apesar do orçamento cada vez mais magro, as despesas com a saúde aumentaram nos casos em que nem o serviço público, nem os seguros privados dão resposta suficiente.

Em contrapartida, as despesas dos hospitais de saúde mental caíram. Portugal ocupa o último lugar entre os países da OCDE, com valores 8 vezes abaixo aos aos Luxemburgo e duas vezes menos do que a Grécia.

O nosso país tem também dos rácios mais desequilibrados entre médicos e enfermeiros.

Enquanto os médicos estão mal distribuídos, concentrando-se nas zonas urbanas, o número de enfermeiros tem vindo a descer, estando claramente abaixo da média da OCDE.

A par deste relatório que vai ser apresentado esta manhã, o governo divulgou um outro estudo que com base num trabalho desenvolvido por uma empresa privada, o Ministério da Saúde concluiu que os hospitais têm hoje melhores resultados do que antes da crise. O Serviço Nacional de Saúde, garante também o governo, tem agora mais médicos e mais enfermeiros e está a conseguir realizar mais consultas e mais cirurgias.

Fonte: TSF, 16 de junho de 2015

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