Para o Bloco de Esquerda, a única saída para o secretário de Estado adjunto e da Saúde depois das declarações que fez sobre o caos nas urgências hospitalares é a demissão. Um cenário rejeitado por Fernando Leal da Costa, que considera que o comentário que fez sobre “uma reportagem de má qualidade” foi “truncado e descontextualizado”. Já o ministro da Saúde esquivou-se a uma reacção directa sobre as polémicas declarações do secretário de Estado e disse apenas que os problemas nas urgências mereceram medidas por parte do Ministério da Saúde.
A reacção de Leal da Costa a uma reportagem da TVI foi introduzida pelo Bloco de Esquerda durante um debate de urgência no Parlamento, nesta quinta-feira, e retomada pelo PCP e PS. A deputada bloquista Helena Pinto alertou para os problemas vividos nas urgências hospitalares com “horas de espera e inclusivamente mortes de doentes sem serem vistos por um médicos” e acusou o ministro da Saúde de “desaparecer” quando há problemas, instando-o a comentar as declarações de Leal da Costa à reportagem. “Diga ao país se concorda com o seu secretário de Estado”, declarou. Mais tarde defendeu mesmo que Macedo deveria “ter a coragem” de demitir o seu secretário de Estado.
Em causa está a reacção de Leal da Costa, que após a reportagem que mostrava pessoas amontoadas nas urgências disse que viu “pessoas bem instaladas, bem deitadas, em macas com protecção anti-queda, em macas estacionadas em locais apropriados”. A primeira resposta aos deputados da oposição chegou através do ministro Paulo Macedo, que garantiu que os problemas registados nas urgências neste Inverno receberam respostas da tutela, enumerando 12 medidas, que vão dos exames pedidos por enfermeiros na triagem à melhoria dos cuidados continuados para libertar camas nos hospitais.
Já Leal da Costa criticou o tom da reportagem e o da oposição, pela “crítica desmesurada e irresponsável”. “Não posso deixar de me congratular, porque ao fim de quatro anos de Governo a única coisa a apontar-me é um comentário truncado e descontextualizado a uma reportagem de má qualidade”, sublinhou, defendendo que conhece melhor os serviços de urgência “do que a maioria dos senhores deputados”.
O debate ficou também marcado por algumas trocas de palavras entre o ministro da Saúde e a deputada do PS Maria Antónia Almeida Santos. Paulo Macedo destacou que as socialistas Luísa Salgueiro e Maria Antónia Almeida Santos eram das poucas “resilientes” na área da saúde, lembrando saídas como as de Ana Jorge, Manuel Pizarro e António Serrano. Em resposta, Almeida Santos, que é também presidente da comissão parlamentar de saúde, ironizou: “Temos más notícias, porque nós vamos continuar”, disse, considerando depois que após as legislativas “o senhor ministro não terá condições para continuar.
Fonte: Público, 7 de maio de 2015