O Hospital de Torres Vedras está a internar crianças que foram operadas na sala de observações – um espaço ligado à urgência -, onde ficam menores a precisar de vigilância que podem ter vários tipos de doença.
O caso ocorre quando não há vagas no internamento, mas a situação está a preocupar os médicos, que consideram haver um risco acrescido de infeções neste local. O Centro Hospitalar do Oeste confirma estes internamentos, mas refere que são pontuais e que há “um risco reduzido de infeção”.
Segundo uma fonte médica, o caso estará a acontecer desde que ocorreu a criação do Centro Hospitalar, altura em que a maior parte das cirurgias, a maternidade e a neonatologia passaram para o Hospital das Caldas da Rainha. Só ficaram na unidade seis camas, das quais cinco para crianças operadas. Ao que tudo indica, quando estão ocupadas, ficam na sala de observações da urgência de pediatria. Mas mesmo quando já não existem vagas, refere um clínico, as cirurgias não são remarcadas.
Carlos Sá, o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste, a que pertence esta unidade, admite que “estes casos são pontuais” e que “não são o desejável”, mas descarta a existência de mais riscos. “Acontecem desde 2013, ano em que foram realocados serviços. Há situações de atraso na alta e a criança tem de ficar no serviço de observações, no máximo algumas horas. Além disso, são geralmente casos de operações em ambulatório (alta no dia).
Quanto às críticas devido ao risco de infeção, refere que foi “informado de que era reduzido. Geralmente avaliam-se os casos que estão no SO. No verão, então, há menos casos que possam estar associados a infeções”.
José Manuel Silva, o bastonário da Ordem dos Médicos, não tem dúvidas de que há mais riscos. “No serviço de observações há menor controlo das infeções, as pessoas vêm da urgência, podem ter infeções ativas. Estas salas não são feitas para receber doentes que foram operados. Se há poucas camas e têm uma taxa de ocupação superior aos 75% a 85%, então têm de as aumentar. Se não têm capacidade têm de reprogramar as cirurgias”.
Fonte: Diário de Notícias, 30 de Agosto de 2014