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Reformas sectoriais do SNS «ficaram pelo caminho», lamenta Adalberto Campos Fernandes

«A desdramatização sistemática e a negação no reconhecimento dos sinais de disfunção do sistema não serve, seguramente, em nenhuma circunstância, a defesa do interesse público», alerta, dirigindo-se ao Governo, o ex-administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Adalberto Campos Fernandes.

Num artigo de opinião publicado no Diário de Notícias do passado dia 27, o professor da Escola Nacional de Saúde Pública e presidente da comissão executiva da SAMS denuncia que «os aspectos centrais de uma reforma estrutural, duradoura, capaz de garantir a libertação de meios para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ficaram pelo caminho». A reorganização das Urgências, a reestruturação e a requalificação da rede hospitalar, a gestão estratégica dos recursos humanos e a avaliação, «eficaz e independente, das tecnologias de saúde» são os exemplos apontados.

Demonstrando preocupação com o futuro do SNS, Adalberto Campos Fernandes considera haver «um imenso manto de frustração face ao que deveria ter resultado do cumprimento das obrigações de reforma sectorial decorrentes do memorando de entendimento assinado em Maio de 2011».

«Na área do medicamento resultaram importantes e necessárias poupanças que, associadas aos cortes remuneratórios, deram a aparente noção de que a sustentabilidade económica seria possível», no entanto, acusa o responsável, «por detrás deste aparente sucesso,  a reforma dos cuidados de saúde primários e continuados estagnou limitando a capacidade de resposta, sobretudo nas grandes cidades, às necessidades agravadas pela degradação das condições económicas e sociais». Este facto resultou, segundo Adalberto Campos Fernandes, na «recolocação dos hospitais no vértice central da resposta assistencial agravando as respectivas condições de funcionamento e a qualidade na resposta, ao mesmo tempo que se foi acentuando um significativo agravamento da despesa directa das famílias com a saúde».

Fonte: Tempo Medicina, 03 de Fevereiro de 2014

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