A empresa que gere a Linha Saúde 24 vai pedir uma audiência urgente à Ordem dos Enfermeiros para expor o que considera ser situações de falta de ética de alguns profissionais que perturbam um serviço público.
Em declarações à agência Lusa, o administrador da empresa admitiu que o “boicote” dos trabalhadores, que decorre até às 8 horas de segunda-feira, causa perturbações ao atendimento da Linha, lamentando a falta de princípios éticos de “um grupo minoritário” de profissionais.
“Preocupa-nos porque é um serviço público que está em causa. Sobretudo quando circula uma mensagem a pedir aos enfermeiros que não compareçam ou que demorem mais tempo a atender os utentes, isto demonstra falta de princípio ético da parte de quem o propõe”, afirmou à agência Lusa Luís Pedroso Lima.
Por isso, a empresa vai pedir à Ordem dos Enfermeiros uma audiência urgente, indicando não compreender como é que profissionais a que se associa a prestação de serviços de “altíssima qualidade incentivem outros a ter falta de ética e profissionalismo”.
“Nós reconhecemos o direito a todos os prestadores de serviço de aderirem ou não à nova fórmula remuneratória proposta pela empresa. O que não é tolerável é que um grupo absolutamente minoritário de prestadores de serviço tenha este tipo de comportamentos que são do lado ético”, afirmou hoje o administrador.
Enfermeiros da Linha estão a cumprir, este sábado, o segundo dia de uma paralisação em protesto contra despedimentos e cortes salariais.
Trata-se do segundo protesto do género, depois de no dia 04 deste mês os trabalhadores terem também paralisado. Na altura, a empresa anunciou que iria recorrer às autoridades judiciais para apurar os responsáveis pelas chamadas falsas e anónimas recebidas no dia em que vários enfermeiros não trabalharam.
Esta situação deverá também ser analisada na audiência com a Ordem dos Enfermeiros.
Luís Pedroso Lima vincou que 97% dos enfermeiros que trabalham na Saúde 24 têm um primeiro emprego nos hospitais públicos, até porque a empresa privilegia a prática hospitalar na contratação dos profissionais.
Em média, os enfermeiros fazem cerca de 18 horas semanais de trabalho na Linha.
Segundo a comissão informal de trabalhadores, dos cerca de 40 enfermeiros que estavam escalados para os turnos da manhã de hoje só compareceram 18.
De acordo com Márcia Silva, daquela comissão, pelas 10:00 de hoje, a Linha Saúde 24 já tinha chamadas em espera, uma tendência que se deve agravar ao início da tarde, quando o fluxo de telefonemas normalmente se intensifica.
Fonte: Jornal de Notícias, 25 de Janeiro de 2014