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Reduzir défice de hospitais públicos é difícil

A presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Marta Temido, considerou hoje que os hospitais públicos “vão ter dificuldades” em cumprir a redução dos seus défices para metade em 2014, uma imposição do Ministério da Saúde.

A presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Marta Temido, considerou hoje que os hospitais públicos “vão ter dificuldades” em cumprir a redução dos seus défices para metade em 2014, uma imposição do Ministério da Saúde.

Em declarações à agência Lusa a propósito da notícia de hoje do Jornal de Negócios que escreve que os hospitais públicos vão ter de reduzir o défice pelo menos para metade durante o próximo ano, Marta Temido disse que esta “é uma meta difícil de cumprir”, pelo menos sem uma reestruturação.

A presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) lembrou que este objetivo “não é novo, nem desconhecido”, na medida em que as regras de contratualização do ano anterior já apontavam nesse sentido.

“Não é uma meta fácil de atingir para os hospitais, porque este resultado tem de ser atingido num contexto em que os hospitais do setor empresarial, mas também os outros, vão ser obrigados a fazer cortes nas receitas (…). Está prevista uma redução nas verbas de 3,5%. Não está em causa a bondade do objetivo final, mas o contexto em que os hospitais terão de tentar cumprir este objetivo”, disse.

De acordo com o Jornal de Negócios, a redução do défice é uma imposição do Ministério da Saúde no âmbito das novas regras de contratualização.

O objetivo, escreve o Jornal de Negócios (que cita a metodologia para definição de preços e fixação de objetivos publicados pela Administração central do Sistema de Saúde (ACSS)), é “reduzir os prejuízos para metade em 2014, sendo que o objetivo é atingirem EBITDA (resultados antes de juros, impostos, amortizações e provisões) positivo em 2015, acabando com a acumulação de novas dívidas”.

Em 2013, das 39 instituições de norte a sul do país, só oito não apresentam prejuízos em 2013.

Na opinião de Marta Temido, as metas são “irrealistas, difíceis de atingir”, podendo até “levar a uma responsabilização dos conselhos de administração”.

A responsável realçou que todos os objetivos propostos pelo Ministério da Saúde são feitos num contexto de reestruturação, que ainda não é conhecida em detalhe.

“Só num contexto de reorganização é que será possível de facto conseguir atingir os objetivos. Num contexto em que tudo se mantenha na mesma é absolutamente impossível”, salientou.

Quanto à intenção do Governo em avançar com a mobilidade de médicos entre os hospitais do Serviço Nacional de Saúde até uma distância de 60 quilómetros de modo a garantir uma “rentabilização dos recursos humanos” (também noticiado pelo Jornal de Negócios), Marta Temido disse que está “completamente” de acordo.

“Não podia estar mais de acordo. (…) É uma medida que responde às necessidades dos cidadãos. Nós não podemos saber que temos um número de médicos por cada mil habitantes acima da média dos países da OCDE e, depois, estes números escondem assimetrias geográficas”, disse.

Marta Temido considera que as regras da mobilidade valem para todos os grupos profissionais e também devem valer para os médicos.

Fonte: Diário de Notícias, 29 de Dezembro de 2013

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